O selecionador português de futebol, Fernando Santos, afirmou hoje não ter gostado das acusações que José Eduardo dirigiu ao treinador Marco Silva, em dezembro de 2014, e confessou que ficou "chocado" com o conteúdo das mesmas.
O técnico da equipa das ‘quinas', que é uma das testemunhas do ex-treinador do Sporting no processo que este moveu contra o antigo futebolista ‘leonino' e atual comentador televisivo, foi hoje ouvido no Campus da Justiça, em Lisboa.
Fernando Santos revelou ser "amigo pessoal dos dois" envolvidos, mas fez questão de frisar que as declarações de José Eduardo foram um "ataque ao caráter" de Marco Silva.
"Na altura, falei com o Marco e ele estava perplexo. Liguei-lhe para o apoiar. Não revejo o Marco em nada do que foi dito. Não gostei das declarações e, se fosse comigo, não teria gostado na mesma. Foram ataques ao caráter do Marco. As declarações chocaram-me", afirmou, durante mais uma sessão do julgamento.
De resto, Fernando Santos foi perentório quando questionado sobre se acreditava que Marco Silva tivesse uma "agenda própria" e estivesse contra os interesses do Sporting, conforme acusou José Eduardo, em 2014: "Não."
Outra das testemunhas indicadas pelo técnico que comandou o Sporting na época 2014/15 foi o jornalista e comentador da RTP Carlos Daniel, que destacou a personalidade de Marco Silva.
"Do que conheço do Marco Silva, tenho-o por uma pessoa absolutamente fiável e que não seria capaz de um ato de cinismo", referiu o jornalista.
Por seu lado, o presidente da Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF), José Pereira, também ele arrolado como testemunha por Marco Silva, classificou as declarações de José Eduardo de "despropositadas, provocatórias e que não correspondem à verdade".
"O Marco Silva goza de um estatuto de grande seriedade, o qual é reconhecido pelos restantes treinadores de futebol. Sinceramente, não me recordo de uma situação semelhante a esta, com afirmações tão pejorativas. Foi uma situação discutida entre treinadores, inclusive em alguns fóruns. Não conheço nenhum colega que não reconhecesse um grande caráter ao Marco Silva e não o considerasse um homem exemplar", disse.
O treinador Marco Silva acusa o antigo jogador do Sporting José Eduardo de três crimes de difamação agravada e exige 45 mil euros de indemnização a reverter a favor de instituições de caridade, na sequência das declarações proferidas pelo atual comentador televisivo, a 26 de dezembro de 2014.
Na altura, em declarações à RTP, José Eduardo acusou o então técnico dos ‘verde e brancos' de ter "uma agenda própria e interesses próprios que não são os do Sporting".
"São os interesses de outras entidades, eventualmente do seu empresário. O Sporting vai ultrapassar esta crise e o Marco Silva é que põe o futuro dele em causa, porque se liga a interesses de gente que pretende destruir o Sporting. Marco Silva não está interessado em ficar no Sporting, porque o projeto não é um projeto dele. Lamento que tenhamos sido enganados. Chegámos ao fim da linha, não há condição nenhuma para continuar. Não tem a equipa com ele. Essa é uma falácia, a equipa está dividida, há problemas muito graves. O projeto da academia nunca foi agarrado pelo treinador", afirmou.
A próxima sessão do julgamento que opõe Marco Silva a José Eduardo está marcada para 08 de novembro, quando serão ouvidas outras duas testemunhas indicadas pelo treinador: o presidente do Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol, Joaquim Evangelista, e o jornalista Nicolau Santos.
As duas últimas testemunhas deste processo, Augusto Inácio e Virgílio Lopes, serão ouvidas a 13 de dezembro, sendo que, nesse mesmo dia, deverão ser conhecidas as alegações finais de ambas as partes.
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