Os sócios do Vitória de Setúbal reprovaram em Assembleia Geral, pelo segundo ano consecutivo, o relatório e contas de 2015, e caso a situação se repita o clube perde o estatuto de utilidade pública.

Com 147 votos contra (65% dos votos), 61 a favor (27%) e 17 abstenções (08%), os associados presentes no pavilhão Antoine Velge voltaram a exibir um cartão vermelho à gestão da atual direção, chegando mesmo a exigir a demissão do presidente Fernando Oliveira.

Depois da votação, Fernando Cardoso Ferreira, presidente da Assembleia Geral, alertou que um novo chumbo pode ser o princípio do fim do clube.

"Três rejeições das contas datam o fim do estatuto de utilidade pública. Se isso acontecer, o clube perde as benesses que advêm desse estatuto e o Vitória acaba", avisou.

Na reunião magna, que teve a duração de quase duas horas, vários sócios contestaram os números apresentados [passivo aumentou 278 mil euros em 2016, cifrando-se agora o total em 16,818 milhões de euros], mostrando-se insatisfeitos pelas explicações dadas.

Júlio Adrião, adversário derrotado de Fernando Oliveira nas eleições de 2014, foi um dos principais críticos.

"É evidente que a maioria dos sócios não se revê nesta direção e vão votar sempre contra as contas enquanto cá estiverem. O Vitória está morto e isso viu-se no último jogo no Bonfim em que estiveram 1.052 espetadores na bancada. É vergonhoso, demita-se, senhor presidente", pediu.

Do lado da direção, coube ao vice-presidente Luís Lourenço responder aos sócios que criticaram os órgãos sociais eleitos a 24 de março de 2017.

"Desde 2000 que há claramente uma oposição organizada. Trata-se de uma questão política e não de relatório e contas. Para azar dos defensores da política da ‘terra queimada’ resistimos aos sucessivos funerais que já nos fizeram, além disso o Vitória venceu duas finais e é o sexto clube que está há mais tempo seguido na I Liga", disse.

Perante a rejeição das contas de 2015, o relatório de 2016 já não foi colocado a votação, tendo o presidente da Mesa da AG, Fernando Cardoso Ferreira, anunciado que os dois documentos serão de novo colocados à apreciação dos sócios numa reunião magna a realizar ainda durante este mês de novembro.