O futebolista costa-riquenho Bryan Ruiz afirmou hoje em tribunal que a equipa do Sporting não queria jogar a final da Taça de Portugal de 2018, disputada dias depois da invasão à academia do clube, em Alcochete.
“A maioria dos jogadores queria ir embora, a equipa não queria jogar a final”, afirmou o médio, ouvido via Skype, durante 25.ª sessão do julgamento da invasão à academia, ocorrida em 15 de maio de 2018.
Bryan Ruiz, que está ligado contratualmente ao Santos, do Brasil, descreveu com algum pormenor as agressões a alguns jogadores, identificando como alvos principais dos invasores os então companheiros de equipa Battaglia, Acuña, Montero, William Carvalho e Rui Patrício.
“Com o balneário cheio de fumo, começaram a ameaçar e a ofender, principalmente alguns jogadores, e a dizer que tínhamos que ganhar a final da Taça, porque senão íamos ver o que era o Sporting”, afirmou, acrescentando: “Alguns foram atingidos com a mão fechada, recordo que o Montero foi atingido duas vezes com a mão aberta, ao Battaglia deram com uma garrafa”.
O jogador disse ter visto “pelo menos três pessoas de volta do Battaglia” e referiu que o companheiro de equipa foi agredido duas vezes: “Lembro-me de o ofenderem, de o terem atingido, depois houve mais ofensas, e voltaram a atingi-lo na cara”.
“O Acuña tinha, pelo menos, uns cinco à volta dele”, explicou, acrescentando: “Com o William não se foram tão agressivos, mas recordo-me que lhe disseram: ‘O Sporting não é isto’”.
O médio costa-riquenho, que alinhou no Sporting entre 2016 e 2018, afirmou que os jogadores estavam “em choque” e garantiu que da parte dos invasores “não havia nenhum com intenção de conversar com ninguém, estavam todos muito agitados”.
Bryan Ruiz disse recordar-se de ter visto duas tochas a serem lançadas, e assegurou que o alarme de incêndio “começou a tocar depois de os indivíduos terem entrado no balneário”.
A invasão à academia do Sporting aconteceu dois depois de a equipa ter sido derrotada pelo Marítimo (2-1) e de ter perdido o segundo lugar da I liga, e dias antes da final da Taça de Portugal, que os ‘leões’ acabaram por perder por 2-1 frente ao Desportivo das Aves.
O julgamento prossegue na quarta-feira com a audição de testemunhas abonatórias de manhã e do futebolista Rafael Leão à tarde.
O tribunal tencionava também ouvir na quarta-feira o avançado holandês Bas Dost que, por estar doente, solicitou a remarcação da audição, e Doumbia, que não respondeu aos contactos.
Na sexta-feira, deve ser ouvido Frederico Varandas, atual presidente do clube e chefe do departamento médico dos ‘leões’ à data dos factos.
O processo tem 44 arguidos, acusados da coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
Bruno de Carvalho, à data presidente do clube, ‘Mustafá’, líder da Juventude Leonina, e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos do Sporting, estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.
Os três arguidos respondem ainda por um crime de detenção de arma proibida agravado e ‘Mustafá’ também por um crime de tráfico de estupefacientes.
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