Quando se apercebeu da realidade, diz ter sido invadido por uma "sensação de tristeza e consternação" pela morte de um jovem de 32 anos, cuja marca da sua personalidade era "o sentido de solidariedade".

Toni dirigiu Robert Enke na época 2000/01 e contou à Lusa uma faceta da personalidade do guarda-redes alemão, que era "a sensibilidade em relação aos animais abandonados".

"Ele tinha quase um canil em casa porque não resistia quando via um cão abandonado ou esfomeado e recolhia-o", revelou Toni, para quem estes gestos eram expressão da sua extrema sensibilidade.

No plano pessoal, Toni retrata-o como um "jovem de carácter e forte personalidade" e, na vertente profissional, como "um futebolista de uma exigência consigo próprio fora do comum e que criava uma forte espírito de grupo".

"Partilhámos uma época difícil, em 2000/01, que começou com Jupp Heynckes, seguiu-se com José Mourinho e acabou comigo, três treinadores", recordou Toni, que ainda se manteve como treinador de Enke até Dezembro de 2001, altura em que foi substituído por Jesualdo Ferreira.

Toni lembrou, ainda, que Enke tinha um "treinador de guarda-redes alemão", trazido por Jupp Heynckes, que "aprendeu o português em pouco tempo e tinha um potencial tremendo":

"Lembro-me de ter visto um jogo do Borussia de Moechengladbach, goleado por 8-1 pelo Bayern de Munique, em que o melhor em campo foi um miúdo de 18 anos, chamado Robert Enke, que apesar de ter sofrido tantos golos fez defesas extraordinárias".

Nessa altura, Toni estava "longe de imaginar" que três ou quatro anos depois "seria treinador desse miúdo no Benfica", onde o pôde conhecer de perto e avaliar o "seu enorme potencial".

"Ele estava agora no auge das suas capacidades como guarda-redes e tão perto da consagração que é estar presente na fase final de um campeonato do Mundo", concluiu Toni, ainda "abalado" com o desaparecimento prematuro de um jovem "na flor da vida".