Veiga Trigo, árbitro de primeira categoria na década de 90 e assessor do Conselho de Arbitragem (CA) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) até 2005, ressalvou "a importância para a arbitragem" de Pinto de Sousa.

Num depoimento prestado por vídeo-conferência, Veiga Trigo frisou o "forte carácter" e "a preocupação com as relações humanas" de Pinto de Sousa, um dos 16 arguidos indiciados da prática dos crimes de falsificação de documentos para a promoção e despromoção de categoria de árbitros.

Referindo que foi "vítima dos observadores" enquanto esteve na arbitragem, a testemunha denunciou as discrepâncias de notas dadas nos relatórios pelos observadores e as que foram atribuídas pelos assessores.

Ângelo Brou, secretário-geral da FPF, e Paulo Lourenço, coordenador da área administrativa e financeira da estrutura federativa, depuseram na qualidade de testemunhas do arguido Paulo Torrão, tendo ambos sublinhado que o antigo responsável pela informática do organismo "não tinha qualquer ligação ao CA", pelo que não se lhe podem ser imputadas acusações de falsificação.

"As classificações dos árbitros no final de cada época não era o Paulo Torrão que as fazia. Ele só teve de fazer o programa", disse Ângelo Brou, sublinhando o carácter "íntegro" do ex-funcionário da FPF.

Paulo Lourenço salientou que Paulo Torrão "não fazia alguma coisa que não estivesse em conformidade com a lei".

O julgamento na 2.ª Vara Criminal de Lisboa, no Campus da Justiça, prossegue a 05 de Maio, com as alegações finais, estando a leitura da sentença prevista para 04 de Junho.

Além de Paulo Torrão e de Pinto de Sousa, presidente do CA da FPF de 1983 a 1989 e de 1998 a 2004, são arguidos: António Henriques, António Azevedo Duarte, Luís Nunes e Francisco Costa, conselheiros do órgão de 1998 a 2004; João Penicho, Pita da Silva, José Mendonça, Manuel Nabais, Manuel da Cunha e Joaquim Soares, observadores; e António Resende, João Henriques, Marco Santos e António Fernandes, árbitros.

Este julgamento foi originado pela certidão número 51, extraída do Apito Dourado, um processo judicial sobre eventual corrupção na arbitragem e no futebol profissional e outros crimes associados, uma investigação da equipa da procuradora adjunta Maria José Morgado.