Frederico Varandas não quer ouvir falar no mercado de transferências. O presidente do Sporting marcou presença na sala de imprensa do Auditório Artur Agostinho para falar do empréstimo obrigacionista que rendeu 25,9 milhões de euros. A prioridade, explica, é cumprir os compromissos assumidos pelo clube.

"Se há coisa que não gosto de ter numa casa são dívidas. Neste momento a prioridade é pagar as dívidas que temos para trás. Clubes, agentes e jogadores... Vão ser pagas. O que acontecer, acontecerá. Veremos as oportunidades. Quero só realçar o que o treinador disse hoje: não serve de desculpa, nem para ele nem para mim", disse Varandas, quando questionado sobre o reforço do plantel da equipa de futebol no mercado de inverno.

O líder leonino explicou que ainda é cedo para falar em mudanças na equipa principal de futebol.

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"Admito tudo, comprar, vender... Quando o mercado abrir analisaremos as situações. O treinador ainda não conhece os jogadores. Falarmos agora disso é prematuro", atirou Varandas, antes de mostrar obra feita nestes dois meses à frente do clube.

"Estamos aqui há dois meses e meio. Só o tema desta conferência [ sobre o empréstimo obrigacionista] já dava para este tempo. Mas também já se mudou de equipa técnica, resolveu-se o Rui Patrício, mudou-se o diretor da Academia, o departamento de scouting, reforçou-se o departamento médico, inaugurou-se a unidade de performance e está a negociar-se o Gelson", defendeu.

Na mesma conferência, Frederico Varandas falou das dificuldades nos últimos dias para conseguir o empréstimo obrigacionista.

"A CMVM preparou-nos para entrar em default. Mas aí disse: não vamos falhar. A partir daí, jamais esquecerei. Já senti muitas provas de amor pelo Sporting, mas esta foi uma tremenda. Criámos uma máquina durante sete dias, dia e noite. Pessoas conhecidas, emigrantes, África do Sul, Venezuela, Brasil, Angola… Normalmente às 48 horas está todo o empréstimo praticamente subscrito. E os dias mais fortes foram, em crescendo, segunda, terça, quarta e quinta. Se tivéssemos continuado, ia continuar. Por isso, a experiência foi surreal", confessou.

Varandas avança que “todos disseram que este foi um verdadeiro 'case study', pelas condições em que foi feito e pelos os prazos que eram praticamente impossíveis”.

“Hoje, pelas 16:00, estávamos na Euronext (gestora da bolsa portuguesa) para a cerimónia de encerramento do empréstimo e conseguimos, mas não foi fácil, porque fizemos isto praticamente sozinhos", vincou.

Questionado sobre se ficou desiludido por não ter sido atingida a meta dos 30 milhões de euros nesta operação, Varandas admitiu que esse poderia ser o sentimento do ponto de vista financeiro, mas não o seu.

"Analisando friamente as condições em que este empréstimo foi preparado, e o que aconteceu a meio, tenho de dizer que foi francamente positivo. Mais do que o valor, é o sentimento de confiança dos sócios e adeptos. E conseguimos não falhar com o mercado”, realçou, depois de já ter deixado críticas à banca pela falta de divulgação do empréstimo obrigacionista da SAD 'verde e branca' junto dos clientes.

O Sporting arrecadou 25.922.485 euros na emissão obrigacionista que decorreu de 12 a 22 de Novembro. Este valor, divulgado na sessão especial da Bolsa fica 239.550 euros abaixo da procura bruta acumulada de 26.162.035 euros divulgada quinta-feira, após a eliminação de 25 ordens duplicadas.

A SAD Sporting só conseguiu 86 por cento dos 30 milhões de euros que constavam como montante máximo da emissão.