O presidente do Sporting, Frederico Varandas, defendeu hoje que a Benfica SAD e o seu antigo presidente Luís Filipe Vieira deviam estar entre os acusados dos recentes processos por alegada corrupção no futebol e pediu "coragem" à justiça.
“O Ministério Público (MP) está a acusar o mensageiro, mas não o verdadeiro mentor e beneficiário de todo este crime organizado. Vamos pedir a abertura da instrução”, disse Varandas, em entrevista à Sporting TV, referindo-se ao caso do empresário César Boaventura, recentemente acusado formalmente de tentar corromper quatros jogadores adversários do Benfica para favorecer o emblema da Luz.
O presidente ‘leonino’ lembrou a relação existente entre o agente e o antigo presidente Luís Filipe Vieira, algo que diz estar demonstrado na acusação do próprio MP e, por isso, mostrou-se incrédulo pela ausência do antigo dirigente ‘encarnado’ e também da Benfica SAD da lista de acusados.
“Na cabeça de qualquer pessoa, isto não faz sentido algum. Não cabe na cabeça de ninguém alguém gastar sozinho 480 mil euros para o Benfica vencer um jogo. O mensageiro está acusado, o principal beneficiário, Luís Filipe Vieira, e a Benfica SAD não está. É um erro que esperamos que seja corrigido”, referiu.
Varandas lembrou o caso ‘e-toupeira’, em que Paulo Gonçalves, “antigo braço direito de Luís Filipe Vieira e assessor jurídico da SAD ‘encarnada”, segundo o dirigente, foi condenado a dois anos e seis meses de prisão, com pena suspensa, por corrupção com funcionários judiciais, sem que o Benfica tenha sofrido qualquer repercussão.
“Ainda agora a Juventus ficou sem 15 pontos por fraude fiscal e por adulterar os balanços financeiros. Todos os administradores foram suspensos. Já em 2006, por corrupção desportiva, tinha descido à segunda divisão. Obviamente, que o Sporting aqui foi vítima. Foi uma das principais vítimas deste esquema criminoso de milhões do ponto de vista de prejuízo desportivo e financeiro”, disse.
Como todos estes casos, o líder do emblema de Alvalade desde 2018 lamentou e criticou o silêncio e comportamento do atual presidente do Benfica, Rui Costa.
“Acredito que não estivesse envolvido e não soubesse o que se passava, mas agora sabe. Penso que muito mais importante do que o que dizemos, é o que fazemos. Não basta dizer que somos diferentes, temos de mostrar que somos diferentes. Muitas vezes são estas decisões ou não decisões que nos matam para a vida. Independentemente do momento, esteja-se a ganhar ou a perder, é preciso demonstrar, com atos, que somos diferentes”, frisou.
Para Varandas, esse tipo de situações, como o Apito Dourado, que envolveu o FC Porto no passado, causam-lhe “nojo”, sobretudo por ver que a “corrupção continua presente no futebol português” nas última décadas.
"O Sporting não se contenta e vai lutar na justiça por isto. Isto é um nojo, não há outra forma de o classificar. Um nojo não diferente do Apito Dourado de há 20 anos, um nojo que não pode ter lugar no futebol português e que a justiça tem de limpar", sublinha.
“Há 20 anos, vivemos uma das maiores vergonhas da justiça desportiva, e não só. E, hoje em dia, continuamos a fingir que não existiram. Mas, naquelas escutas há um presidente a corromper árbitros e a oferecer prostitutas. Esse senhor continua como presidente. Jamais poderia dirigir o quer que seja”, afirmou Varandas, referindo-se a Pinto da Costa, líder do FC Porto.
Nesta entrevista, o dirigente ‘leonino’ referiu várias vezes o exemplo da Liga inglesa, o “melhor campeonato do mundo porque não tem casos de corrupção e porque não existem figuras como o César Boaventura”.
“Não vale a pena falarmos em centralização de direitos televisivos ainda com coisas destas. Se o país não acredita na sua própria justiça, é muito difícil para os meus próprios filhos crescerem aqui”, concluiu.
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