Durante mais de uma hora, o "leão" afiou as garras. Entrou camuflado, tímido, a mostrar os dentes mas sem morder. Deixou a presa sonhar com a sobrevivência. Quando finalmente atacou, fê-lo sem piedade, sem recuos: quatro mordidelas para garantir um dia de caça bem sucedido.
Ao contrário do que acontece com o verdadeiro animal, nada disto terá sido planeado por Marco Silva. Teria sido melhor para o técnico do Sporting poupar o coração e arrumar mais cedo com uma questão que, em teoria, seria mais fácil de resolver. Mas a estratégia inicial não funcionou, e algo tinha de ser feito, sob pena de nova repetição de um resultado que tem sido demasiado frequente para um candidato ao título: o empate.
A aposta em André Martins, a tal promessa adiada, trouxe muito pouco à turma de Alvalade. William Carvalho voltou a desiludir na luta pelos espaços e João Mário demorou a exibir o toque de bola que lhe permitiu chegar com mérito ao onze leonino e à seleção nacional. Marco Silva apercebeu-se a tempo da fragilidade do meio-campo e lançou Adrien que, em pouco tempo, devolveu ao "leão" o domínio natural do centro do terreno.
Menos previsível mas igualmente decisiva foi a colocação em jogo de Fredy Montero, um nome que há muito tempo não dava alegrias aos adeptos sportinguistas. O colombiano marcou depois de mais de nove meses de "seca", sim, mas fez mais do que isso. Permitiu a Slimani, o verdadeiro predador de área do Sporting, ganhar espaço numa defesa que até então se mantinha difícil de penetrar. O argelino agradeceu o apoio extra e "matou" o jogo de rajada, com um cabeceamento fulminante (69’) e um remate colocado de pé esquerdo, a aproveitar um passe notável de Cédric (71’).
O golo tão ansiado por Montero (82’) a passe de Capel e a finalização "à craque" de Nani, aos 85’, acabaram por ser demasiado penalizadores para um Penafiel que nunca virou a cara a uma luta desigual em armamento. Ainda assim, serviu para confirmar que os ares do Norte têm sido bons para o Sporting esta época: depois da goleada em Barcelos (0-4), vitória pelos mesmos números em Penafiel.
"Quando se mexe é para melhorar", disse Marco Silva no final da partida. É verdade que nem sempre se consegue, mas nesta deslocação ao 25 de Abril o treinador dos "leões" fez isso mesmo. Viu que algo estava mal, leu o jogo e procurou as melhores soluções para desbloquear uma partida difícil.
O novo técnico do Penafiel, Rui Quinta, fez questão de elogiar a equipa por uma exibição aguerrida, lamentando a "desconcentração" que permitiu ao Sporting construir um resultado volumoso. Volumoso e "exagerado", pelo menos para o médio Rafa Sousa, que defendeu que a partida foi equilibrada até ao momento do primeiro golo.
Continuam por resolver algumas fragilidades do Sporting, que mais uma vez cometeu erros defensivos imperdoáveis. A entrada de Paulo Oliveira no "onze" conferiu maior tranquilidade, mas um erro infantil de Naby Sarr (16’) trouxe memórias de Maribor. Por agora, persiste a ideia de que é essencial encontrar a dupla de centrais certa para manter a esperança numa época com títulos.
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