O treinador Vítor Oliveira assumiu hoje que o Gil Vicente experimentou dificuldades para criar uma equipa de raiz, antes do regresso à I Liga de futebol, que se consuma na receção de sábado ao FC Porto.

“Nesta fase todas as equipas estão a crescer, mas o Gil Vicente foi obrigado a um crescimento muito mais rápido. O tempo tem sido muito pouco para conciliar mentalidades, línguas, características e personalidades de 23 novos jogadores, o que é uma situação inédita no futebol português”, avaliou o técnico, na conferência de antevisão ao jogo, realizada no Estádio Cidade de Barcelos.

Vítor Oliveira assegurou que o embate com o vice-campeão nacional, “um dos mais sérios candidatos ao título”, será “tremendamente difícil”, esperando um adversário com processos idênticos à última temporada.

“Não é muito diferente do ano passado, porque o FC Porto manteve o treinador, a estrutura e será uma equipa muito forte em termos físicos, muito competitiva, com um futebol ofensivo de qualidade e avassalador nos melhores momentos. Mas não é só por ser contra o Porto que vamos mudar a forma de jogar”, analisou.

Os dois emblemas abriram a época da melhor forma, com os gilistas a carimbarem o passaporte para a fase de grupos da Taça da Liga (vitória por 3-2 sobre o Desportivo das Aves) e os ‘dragões’ a ganharem vantagem na terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões (triunfo por 1-0 em Krasnodar, na Rússia).

“Jogar com os ‘grandes’ nunca é um bom momento para as equipas médias portuguesas, mas é fortemente motivador para os jogadores do Gil, que estarão nos limites das suas capacidades, perante um dos melhores clubes da Europa. Não quero um resultado justo nem vitórias morais, queremos pontos e vitórias. Sabemos que o FC Porto é favorito, mas terá de o demonstrar em campo”, referiu o treinador de 65 anos, o mais velho da I Liga.

Com o Gil Vicente de regresso à maior do futebol português, Vítor Oliveira destaca a “mobilização da cidade em redor da equipa e do clube”, 13 anos depois de os minhotos terem sido excluídos da I Liga devido ao ‘caso Mateus’.

“É muito importante que a cidade esteja com o clube em todos os jogos que vamos disputar. Motiva-nos sentir o apoio de toda a massa associativa e de toda a cidade, o que pode ser um fator determinante ao longo de toda a época”, afiançou.

O Gil Vicente, que disputou o Campeonato de Portugal na temporada passada, alcançou na secretaria a subida à elite do futebol nacional em 2019/20, como consequência do ‘caso Mateus’.

Em agosto de 2006, os barcelenses foram despromovidos pela via administrativa à Liga de Honra, atual II Liga, por queixa do Belenenses relacionada com alegada irregularidade na utilização do internacional angolano Mateus, avançado que atualmente representa o Boavista.

O clube minhoto recorreu para os tribunais e, em julho de 2016, foi-lhe dada razão, tendo a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) anunciado a reintegração na I Liga em 12 de dezembro de 2017, na sequência de uma decisão do Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa, que só este ano se consumou.

O Gil Vicente assinala o regresso à I Liga, após uma ausência de quatro anos, no sábado, a partir das 19:00, no Estádio Cidade de Barcelos, com a receção ao vice-campeão FC Porto.