O treinador do Gil Vicente, Vítor Oliveira, disse hoje esperar uma tarefa de um "grau de dificuldade elevadíssimo" no regresso da equipa de Barcelos à I Liga de futebol, quatro anos depois, na sequência do ‘Caso Mateus’.

Para o experiente treinador, campeão nacional da II Liga na última temporada com o Paços de Ferreira, a equipa minhota vai "ter muitas dificuldades durante toda a época" por tudo o que passou, a constituição de um plantel praticamente novo e a "chegada à I Liga sem competição no ano anterior”, sendo que “tudo somado dá um grau de dificuldade elevadíssimo".

"Está a ser muito difícil preparar este projeto. Obviamente que sabíamos das dificuldades que íamos encontrar, é uma situação pouco normal ou até inédita no futebol português. Vamos constituir um plantel praticamente de raiz, uma equipa que está há uns anos afastada dos grandes palcos e não tem sido fácil porque o mercado não está fácil para nenhum clube", afirmou antes do primeiro treino da temporada, no antigo Estádio Adelino Ribeiro Novo.

Apesar disso, Vítor Oliveira considera o projeto gilista "muito aliciante e motivador, mas também de grande responsabilidade".

O plantel tem atualmente 24 jogadores, três deles ex-juniores que devem ser emprestados, pelo que devem chegar ainda "quatro a cinco jogadores para fazer a diferença".

"Pensamos que, com o início dos trabalhos das diversas equipas, os jogadores irão ficar mais compatíveis financeiramente e irá começar a haver uma maior clarificação dos plantéis e mais jogadores no mercado", disse.

O treinador quer jogadores sobretudo "de qualidade", mas o fator experiência é também importante.

"Nove jogadores vieram do Campeonato de Portugal e vamos competir na I Liga, as diferenças são substanciais. Temos dois ou três jogadores com experiência de I Liga, o que é manifestamente pouco para uma equipa que vai ter as dificuldades que temos a certeza que vamos enfrentar no campeonato", frisou.

Vítor Oliveira recusou ainda a ideia de que o Gil Vicente vá ser o "bombo da festa" do campeonato.

"Não nos passa pela cabeça que isso possa acontecer, essa pergunta tem alguma pertinência porque é a voz do povo que o Gil vai ser o bombo da festa, mas não vai com certeza", disse.

O antigo internacional português Dito, jogador natural de Barcelos que se notabilizou no Sporting de Braga, Benfica e FC Porto, foi hoje oficializado como diretor geral do futebol do Gil Vicente.

"Este é um regresso [à I Liga] que é um caso único, é um contexto muito difícil que temos de enfrentar e que nos obrigou a um esforço tremendo, em vários aspetos, quanto à construção do plantel para uma liga que é exigente, mas estamos confiantes de que as coisas podem correr da melhor forma", disse.

Afirmando-se confiante na "capacidade" e experiência de Vítor Oliveira para que "as coisas acelerem mais um pouco", Dito adiantou que a equipa será reforçada, pelo menos, com mais quatro jogadores, um central, um médio e dois avançados, dois deles chegam ainda esta semana.

O defesa central Rúben Fernandes (ex-Portimonense) é um dos mais experientes do plantel e frisou a vontade de "fazer tudo para assegurar a manutenção, que é o grande objetivo".

"Todos sabemos que vai ser difícil, é um projeto aliciante. Gosto de lutar por coisas que tenham um objetivo e para mim isto foi muito bom. Sei que o Gil precisa de jogadores experientes para esta fase nova, estou cá para ajudar os mais novos também", disse.

O médio João Afonso, internacional sub-20 pelo Brasil, chega do Goiás e admitiu não conhecer muito do Gil Vicente nem do futebol português.

"Estou muito feliz por esta oportunidade e agora é trabalhar para me poder adaptar o mais rapidamente possível ao futebol português, que é um pouco mais intenso", disse, definindo-se como "um médio de marcação que procura trabalhar bem a bola".