Clayton Sampaio é uma das maiores revelações do Aves SAD nesta temporada. O central de 23 anos tem ajudado o clube na luta pela subida, que neste momento ocupa a segunda posição do II Liga atrás do Santa Clara.
Em entrevista ao SAPO Desporto, o defesa formado no Santos fala dos seus primeiros tempos no emblema de São Paulo, na mudança para Portugal e nos seus objetivos de carreira. Revela que chegou a pensar ser guarda-redes, devido à altura, ideia essa que acabou por cair por terra. Aborda ainda o papel que o treinador Jorge Costa tem tido na sua evolução, nas referências na posição e olha também para a realidade na I Liga, onde neste momento o Sporting é o líder da tabela, patamar onde deseja chegar o mais brevemente possível.
Vens do Brasil, um país extraordinário ao nível dos talentos futebolísticos, como é que acabaste por te tornar defesa, foi a primeira posição que ocupaste quando começaste a jogar?
Venho do Brasil um país em que surgem muitos craques. Não comecei na posição de central, quando era mais novo até queria ser guarda-redes, mas diziam-me que ir para a baliza não dava dinheiro. Cheguei a jogar como médio, mas como era grande, aconselharam-me a mudar para central, onde me poderia destacar mais, e fiquei nessa posição até hoje
Como é que percebeste que te irias tornar profissional?
Foi 10, 11 anos que as coisas ficaram sérias e que pensei que poderia fazer carreira no futebol. Mas comecei a jogar desde muito jovem, sempre tive essa paixão pelo futebol.”
Como é que acabaste por ser descoberto pelo Santos?
Comecei a jogar contra equipas mais organizadas e a jogar campeonatos mais competitivos. Acabou por ir para o Santos, fazer ‘uma peneira’, um teste como dizem aqui, acabaram por gostar de mim e foi o meu clube de futebol a sério.
Fizeste toda a tua formação no Santos, antes da passagem pelo São Bernardo, tentas acompanhar o clube?
Mesmo sendo ‘torcedor do Corinthians’, ganhei carinho pelo Santos por ter ido para lá muito jovem. É um clube histórico e claro que acompanho, tanto o Corinthians como o Santos, tenho amigos nos dois clubes e torço pelos dois.
Como acabou por surgir o convite para te mudares para os sub-23 do Famalicão?
Estava no Santos, depois tive uma breve passagem pelo São Bernardo, quando tive o convite achei que era uma boa oportunidade. Que jogador não gostaria de jogar na Europa, que é uma vitrine, sendo que só dependemos de nós, se nos conseguirmos destacar podemos chegar a grandes clubes. Conversei com a minha família, com a minha mãe, aceitei e já estou há cinco anos cá. Felizmente tenho melhorado a cada ano que passa, graças a deus, e este ano está sendo espectacular para mim e foi muito bom ter vindo para cá.
Qual foram as principais dificuldades que sentiste na adaptação a Portugal?
Quando cheguei pensei que o português falado era igual, mas ao início senti dificuldades para entender, porque as palavras são um pouco diferentes, mas acabamos por nos adaptar.
Que diferenças encontraste no futebol português em relação ao brasileiro, mesmo a nível tático?
Aqui em Portugal o futebol é mais pensado e mais tático, não é tanto um para um, bola no pé. É mais rápido e os jogadores têm que estar mais ligados e concentrados. Mas esforcei-me e consegui adaptar-me rápido.
Como surgiu o convite para te mudares para o AVES SAD
A época passada foi de aprendizagem, estive no Nacional [já na segunda liga], tivemos uma época bastante sofrida mas conseguimos a manutenção. Em termos individuais penso que estive bem na época passada e acaba por surgir de ir para o Aves um projeto bom, acabei aceitando e estou muito feliz por estar aqui.
Como tem sido trabalhar com o Jorge Costa e qual tem sido o papel dele no teu crescimento, que experiência ele te tem passado, ele que também jogou como defesa?
Qual jogador gostaria de trabalhar com o Jorge Costa. Foi um grande jogador, e tento aprender o máximo possível com ele para crescer. E só tenho melhorado ao trabalhar com ele.
Que qualidades destacas no Jorge Costa enquanto treinador?
É um líder, está sempre preocupado em fazer evoluir os seus jogadores, não é o treinador que te dá palmadas nas costas, mas fala o que é preciso. Acho isso muito importante porque temos que ouvir o que se passa na realidade para podermos crescer.
Entraste no início da época, como foi a tua integração neste grupo de trabalho?
Foi fácil, temos um balneário sensacional e existem pessoas maravilhosas aqui e isso facilita a adaptação e acaba por criar uma ligação incrível. Todos remam para o mesmo lado e isso é essencial.
És neste momento o jogador com maior utilização no AVS, também já foste eleito o defesa do mês na segunda liga. Está a viver a melhor temporada da carreira?
Fico feliz por ter ganho o prémio de Defesa do Mês, mas isso é fruto de um trabalho coletivo, porque muitas pessoas que estão cá têm-me ajudado. Acaba por ser um prémio para todo o grupo de trabalho.
Já tinha experiência na segunda liga, depois de teres feito uma temporada interessante no Nacional. Muitos jogadores dizem que a segunda liga até é mais competitiva e difícil que a primeira liga, concordas?
A segunda liga é um campeonato muito difícil mesmo, não há jogos fáceis, e temos que enfrentar cada jogo com responsabilidade, porque não há adversários fracos. Ainda não tenho experiência de primeira liga, estou a trabalhar para algum dia chegar lá.
No ano passado ainda conseguiste marcar quatro golos ao serviço do Nacional, é apenas o que lhe tem faltado este ano, o golo?
A época passada correu-me bem, consegui marcar quatro golos, no último jogo [contra o Penafiel] fiquei feliz porque o Anthony conseguiu marcar, e vou ver se consigo [quebrar o enguiço] e começar a fazer golos.
O AVS está a realizar uma excelente temporada, está neste momento no segundo lugar do campeonato nesta II Liga. Vocês jogadores já sonham com a subida?
Estamos a fazer um excelente campeonato, muito graças ao trabalho coletivo. Mas pensamos jogo a jogo, queremos somar pontos e no final vamos fazer as contas. Se subirmos vamos ficar muito felizes, que jogador não sonha ter uma subida no seu currículo.
Vários jogadores no AVS também se têm destacado esta época, como é o caso do Nenê, que com 40 anos é o melhor marcador do campeonato. Pedes-lhe conselhos?
Para além de um grande jogador, é uma pessoa sensacional, mas temos outros jogadores mais experientes como o Luís Silva, o Edson Farias, o Pedro Trigueira. Procuram-te sempre ajudar, fico a olhar para eles e para ver como é que eles trabalham. Tentar tirar o máximo das experiências que eles te passam, para assim quem sabe ter o mesmo sucesso.
Tens contrato com o AVS até junho de 2024, já sabes como será o futuro, gostavas de continuar?
Para já só estou concentrado em ajudar o clube e tenho que estar focado. No final da época vamos conversar, e se for para ficar vou dar o máximo. Estou ficar no presente e no futuro depois vamos ver.
Tens certamente acompanhado a liga portuguesa, para ti qual tem sido a equipa mais forte e a que tem praticado melhor futebol?
Acompanho alguns jogos do campeonato português, não consigo acompanhar todos. Tenho gostado de ver o Sporting e também a equipa do FC Porto. O Sporting joga um futebol muito bom, tem grandes jogadores. Não tenho uma equipa preferida, mas é a que tenho gostado mais de acompanhar pelo futebol que joga.
Nesses clubes grandes há algum central que tentas copiar ou servir como referência?
"O Pepe, que tem uma grande carreira, é top, o Otamendi e também o Coates. Vi o que ele fez contra o Benfica, grande exibição e fez excelentes cortes. São três jogadores para observar e retirar aprendizagens", atirou.
Em que equipa grande em Portugal é que achas que poderias encaixar melhor?
"Não tenho preferências, jogar em qualquer uma dessas equipas seria muito bom. Entre essas três fica até difícil escolher (risos)", disse.
Acompanhas certamente as principais ligas internacionais, em que liga gostarias um dia de jogar?
Não tenho um ídolo, mas há jogadores que eu admiro. Casos do Thiago Silva, Sérgio Ramos jogadores que conseguiram chegar ao mais alto nível, mesmo o Varane, que é um jogador muito rápido.
Qual é o campeonato que sonhas um dia jogar e achas que tens potencial para chegar a esse nível?
Em todas as áreas profissional, sonhamos em chegar no mais alto nível. Estou trabalhando para isso e para lá chegar. Gostava de jogar na Premier League, é um campeonato sensacional, só de ver é impressionante.
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