Joaquim Evangelista reagiu, esta quarta-feira, com "repúdio" a novas denúncias de incumprimentos no Freamunde, afirmando que o clube agora a competir nos campeonatos distritais do Porto é uma “maçã podre” que está a contaminar o futebol português.

"Aparentemente, há um conjunto de interessados que criam expectativas, pensando devolver o clube aos campeonatos profissionais para ganharem dinheiro, mas temos de ter mais olhos do que barriga, sobretudo nesta fase, e dar resposta aos graves problemas que existem", disse o presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), em declarações à agência Lusa.

Para Joaquim Evangelista, a prioridade de atuação do sindicato é a "situação mais difícil" que envolve "cinco jogadores estrangeiros" recentemente despejados de casa, devido ao atraso no pagamento de salários, conforme denúncia feita pelo treinador do Freamunde, Pedro Barroso, a uma rádio local, no final do último jogo.

"Tinham casa paga e deixaram de ter, são jovens e estão numa situação difícil. Já pedimos ao nosso delegado do Porto para ir a Freamunde e providenciar uma solução que passe por arranjar alojamento e alimentação", referiu.

Evangelista admitiu regressar a Freamunde, repetindo uma viagem que tem sido recorrente nos últimos anos, e assegurou que vai ser acionado o fundo de garantia salarial, para tentar responder aos problemas imediatos dos jogadores, sejam os que comprovadamente têm remuneração e os restantes.

O presidente do SJPF prometeu também começar a trabalhar com a Federação Portuguesa de Futebol numa solução jurídica que permita a desvinculação dos jogadores que assim o desejem, ultrapassando o vínculo aos clubes válido por um ano, conforme estipula o estatuto amador.

O plantel está na iminência de deixar de competir, mas a decisão só deverá ser conhecida ou assumida na quinta-feira, após uma reunião prevista entre o acionista da SAD e a direção do clube, a quem Evangelista não poupa críticas.

"Começa a ser recorrente haver um conjunto de dirigentes que se prestam a estas práticas, pondo em causa os valores desportivos e o trabalho das pessoas, geralmente mais vulneráveis e muito jovens. A responsabilidade tem de ser assacada aos dirigentes, mas também aquelas pessoas que andam envolvidas com estes jogadores não podem assistir a isto e ficar de braços cruzados", denunciou Evangelista.

Em nome do interesse dos jogadores do Freamunde, neste caso, Evangelista garantiu que vai dar conhecimento do caso à Federação Portuguesa de Futebol, admitindo recorrer até a vias políticas, institucionais ou até judiciais.

"O Freamunde é uma nódoa negra no futebol português, é a maçã podre que está a descredibilizar o futebol", concluiu.