Gilberto, médio do Sporting da Covilhã, da II Liga de futebol, deverá completar na próxima jornada, frente à Académica, 300 jogos pelo emblema serrano, sendo o jogador mais utilizado de sempre pelos ‘leões da serra’.

Há sete épocas na Covilhã, o vimaranense de 32 anos, formado no Boavista, contabiliza 255 encontros na II Liga, 28 na Taça da Liga e 16 na Taça de Portugal.

Quando chegou à Covilhã, do Oliveira de Frades (III Divisão), apenas conhecia o Complexo Desportivo. Hoje sente-se "parte do clube, da cidade", tal como "feliz e realizado" no emblema serrano.

"Eu vinha de uma fase má e aqui deram-me condições, apostaram em mim, nunca houve salários em atraso, eu respondi dentro de campo às expectativas criadas. É um orgulho imenso ficar na história do clube", disse o capitão ‘serrano’, em declarações à agência Lusa.

O presidente sublinha as qualidades de Gilberto não apenas no relvado, mas fora dele, afirmando ser "um líder nato" e preponderante "dentro de campo e no balneário". Para José Mendes, o polivalente jogador "é inegociável", por ser "um grande profissional e um grande homem".

"Quando ele casou, era para ir para Guimarães e eu não deixei. Recebi várias propostas ao longo dos anos, mas para mim ele é inegociável, tem contrato vitalício, fica até ele querer", referiu o dirigente, à Lusa.

Com mais um ano de vínculo ao Sporting da Covilhã, o médio defensivo, que quando é necessário atua como lateral direito, sente-se "lisonjeado" com as palavras do presidente. Embora gostasse de regressar ao principal escalão, onde alinhou pelo Boavista, sublinha que, pela gratidão que sente, a decisão teria de passar pelo dirigente, mas também lamenta que no futebol se olhe "muito para o bilhete de identidade".

"Eu imagino-me aqui enquanto mostrar rendimento", considera o jogador, que os adeptos dizem ser "o coração da equipa", "o motor da equipa".

Francisco Chaló, o treinador que o orientou mais tempo, chamava-lhe "um relógio suíço", pela regularidade com que podia contar. Hoje destaca o "atleta que se automotiva e é catalisador para a equipa".

"Inteligente na aferição das suas próprias capacidades, prepara-se diariamente para estar na sua plenitude. Não distinguindo o treino do jogo, cria a si próprio a competição para o seu desenvolvimento", realça o atual técnico do Paradou (Argélia), à Lusa.

Filó, o atual treinador do Sporting da Covilhã, considera Gilberto "crucial". Embora já o conhecesse como adversário, ao trabalhar com o jogador frisa ter-se apercebido de outras características, como "a entrega, a dedicação e o dar sempre tudo" tanto nos treinos como nos jogos.

"É um atleta que é um exemplo. O Gilberto tem capacidade de ocupar uma área muito grande e é intenso durante todo o jogo", analisou o técnico.

O médio considera ter vindo a melhorar a cada ano e reconhece "na vontade e no querer, na raça, e no nunca desistir" algumas das suas características, além da consciência de que é necessário preservar a força mental, por entender ser mais importante do que a técnica.

"Eu não me sinto essencial, mas acho que a minha atitude pode contagiar", avalia Gilberto, que tem o sonho de subir ao primeiro escalão com o Sporting da Covilhã, o que esteve à beira de acontecer em 2014-2015, quando disputou a subida até ao último minuto.