Abel Braga é um treinador bem falante, diz o que pensa, sem papas na língua. Numa hora está a repreender os jogadores, e minutos depois abre um sorriso. Vive a vida como o futebol: intensamente. Aos 60 anos carrega uma carreira de certezas no que faz e no que diz, sustentada por títulos, muitos títulos.
Hoje é campeão brasileiro pelo Fluminense. Há 21 anos ajudava o Belenenses a subir na Liga de Honra. Confessa que foi no nosso país que aprendeu parte do que sabe hoje.
Na década de 90, o brasileiro foi para Portugal à procura do sonho europeu. Começou a aventura em Famalicão, mas notabilizou-se em Belém. Ao SAPO Desporto, Abel Braga lembrou a sua subida de divisão na época 1991/92, onde conseguiu o feito de cumprir 24 jogos sem saber o que era perder.
«O Belenenses marcou-me muito. Fico feliz por saber da subida da equipa agora. Eu assumi a equipa quando esta estava no décimo primeiro lugar. Perdemos à oitava jornada com o Tirsense e depois já não perdemos mais. Quando isso voltou a acontecer já estávamos em maio e já tínhamos subido de divisão», lembrou.
Do clube guarda «o glamour do Restelo», «a vista fantástica para o Tejo» quando acordava, os «jantares em Alcantâra» e «a pesca com os amigos». Mas também guarda lições de futebol.
«O futebol português me influenciou e muito. Claro que eu levei coisas daqui para lá que me ajudaram muito, mais ligadas à relação com os jogadores. O que eu consegui lá foi ver que poderia conseguir da minha equipa, dos meus jogadores, uma versatilidade tática muito maior. Os jogadores davam na Europa uma resposta bem diferente comparativamente com o Brasil. Trouxe de lá essa lição».
Nessa altura, o Belenenses tinha passado a contar com um campo de treino atrás do estádio, e o relvado do Restelo deixou de ser fustigado pelos treinos. Uma mudança que fez a diferença e que ajudou à subida como recorda o treinador.
«O Belenenses tinha acabado de construir um campo de treino atrás do estádio que foi muito importante. O terreno de jogo ganhou uma qualidade boa porque deixámos de trabalhar lá. E isso teve importância naquela época».
Depois de cerca de cinco anos e meio por Portugal, Abel regressou ao Brasil. Não mais voltou como treinador, apenas como turista.
Benfica e Marítimo foram clubes que estiveram no horizonte do técnico em fases diferentes da sua carreira mas que nunca se chegaram a concretizar.
Abel Braga acompanha à distância o futebol português e a partir do Rio de Janeiro saúda o regresso do Belenenses à Primeira Liga.
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