O presidente do Freamunde advertiu na terça-feira os sócios do clube de que, sem a constituição de uma Sociedade Anónima Desportiva (SAD), o atual líder da II Liga "muito dificilmente terá viabilidade".

"Sem a SAD, muito dificilmente haverá viabilidade. A solução não é ótima, mas parece-me boa", disse Miguel Pacheco, em resposta ao ex-presidente do clube Manuel Pacheco, no final da acalorada sessão de esclarecimento promovida pela direção freamundense.

Os 52 associados que compareceram na Casa da Cultura de Freamunde quiseram saber mais sobre a constituição da SAD, a apresentar em Assembleia-geral (AG) na próxima terça-feira, dia 30, mas as negociações ainda em curso fizeram adiar a divulgação do projeto e o nome dos investidores, que tomarão a seu cargo a gestão do futebol.

"Devemos de ver a SAD como a autonomização da equipa de futebol, em que as pessoas ou empresas querem gerir o futebol sénior e um escalão de formação, mediante o investimento de capital e a respetiva constituição da sociedade", explicou Domingos Alves, conselheiro jurídico do clube.

O causídico lembrou que "o dossier do passivo correu bem", com a aprovação do Processo Especial de Reestruturação (PER), que deu folga ao clube para liquidar os "700 ou 800 mil euros" em dívida, mas "o problema é maior no dossier ativos, por falta de receitas".

"A SAD é a única forma que se constata hoje em dia para conseguir receitas e quem paga, quer mandar", acrescentou Domingos Alves, para quem "há um conjunto de regras e condições básicas a cumprir", com o intuito de "fazer o melhor contrato possível" para o Freamunde.

A proposta em fase de negociação aponta para uma repartição do capital social, ficando 30 por cento da responsabilidade do clube e os restantes 70 do lado dos investidores, os quais, segundo foi dito, pagarão um aluguer mensal de "oito a nove mil euros" pela utilização das instalações, caucionando sempre o orçamento para cada época.

"O estádio e as instalações são e continuam a ser do Freamunde", frisou o conselheiro jurídico do clube durante a sessão, que se prolongou por mais de duas horas.

O projeto será dado a conhecer na próxima terça-feira em AG, exclusiva aos sócios com as quotas em dia, sendo quase certo que a decisão final ficará para data posterior, correspondendo aos anseios manifestados pela maioria dos sócios, desejosos de "tempo para que se decida em consciência".

A pressa na resolução do problema foi entretanto atenuada pelo cumprimento do controlo financeiro por parte do clube, ao liquidar no final da última semana, dentro do prazo, dois dos três meses de salários em atraso.