A junta de freguesia de Almargem do Bispo exige a reversão do direito de superfície dos terrenos cedidos para a construção da Casa das Selecções, devido ao incumprimento do prazo de construção, e ameaça avançar com um processo em tribunal.
De acordo com o protocolo assinado em 2000 pela Junta de Freguesia, Câmara Municipal de Sintra e Federação Portuguesa de Futebol (FPF), o prazo para a conclusão da Casa das Selecções, em Almargem do Bispo, terminou em 2006. A 21 de Agosto, sem a presença do presidente da junta que se encontrava de férias, o executivo da junta de freguesia de Almargem do Bispo aprovou a uma proposta onde exige que o terreno de 65 mil metros quadrados "cedido a 30 de Maio de 2000 reverta para esta autarquia posto que o prazo para a conclusão da obra já se encontra há muito ultrapassado".
Esta reunião foi presidida pelo vogal da junta, João Carlos Mariano, nome escolhido pelo PSD de Queluz para avançar como candidato à junta de Almargem do Bispo, mas cuja candidatura foi vetada pelo presidente da Câmara de Sintra, que nomeou o futebolista do Sporting, Marco Caneira, como cabeça de lista da Coligação Mais Sintra a esta junta. João Carlos Mariano adiantou à Lusa que esta decisão "não surgiu por vingança", mas sim pelo "dever de zelar pelos interesses da população de Almargem do Bispo". Segundo João Carlos Mariano, a junta de freguesia enviou um documento para a Câmara de Sintra, onde solicita que a autarquia accione os meios necessários para que a parcela de terreno reverta para posse da Junta, e informou igualmente a FPF da decisão tomada, imputando-lhe todos os prejuízos decorrentes do incumprimento. Por sua vez, a FPF responseu que não é por sua responsabilidade que se verificou "o atraso na conclusão da obra".
"A Câmara de Sintra não nos respondeu e vamos avançar com um processo para o tribunal", acrescentou o responsável, revelando ainda que a junta planeia para aqueles terrenos a construção de uma unidade hoteleira rural. Projectada para Almargem do Bispo, a Casa das Selecções sofreu vários atrasos pela descoberta de vestígios arqueológicos, que inviabilizaram cerca de 30 por cento do terreno originalmente previsto e obrigaram a Câmara a adquirir a privados parcelas anexas, para recuperar os 10 hectares necessários.
O presidente da câmara de Sintra, Fernando Seara, recusou-se a comentar este assunto.
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