O selecionador português de futebol, Fernando Santos, disse hoje que ter o melhor jogador do mundo “por si só não chega para vencer jogos”, mas que pode fazer a diferença num jogo coletivo.
“Ter o melhor do mundo, não chega, não resolve tudo. Acrescenta qualidade, soma, torna-se mais fácil, porque o jogo é o somatório das partes, não é um e o resto. As individualidades são importantes e acrescentam vantagens para o coletivo”, frisou o selecionador.
Fernando Santos falava aos jornalistas à margem do Fórum da Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF), que decorre hoje e terça-feira, em Portimão, no Algarve.
Para o selecionador nacional, ter os melhores “é fundamental, porque há uma parte do jogo que é feita pela criatividade e competência individual e não só pela coletiva”, não sendo o futebol como outros desportos, nomeadamente o ténis ou o atletismo, “onde cada um corre por si só”.
Fernando Santos exemplificou com o caso da seleção da Argentina que tem “Messi, um dos melhores jogadores do mundo, mas que não tem vencido qualquer competição”.
“O futebol é o somatório das partes. Obviamente quando alguma destas peças [jogadores] têm muitos pontos, o somatório aumenta com probabilidade de a equipa vencer”, sublinhou.
Fernando Santos recusou responder a perguntas sobre a seleção nacional de futebol, referindo apenas que “o principal desafio é Portugal estar no campeonato da Europa”.
“Somos dos melhores do mundo, não somos os melhores do mundo. Vivemos num país que é o oito ou 80, porque, por um lado, não confiamos nada em nós, somos uns coitadinhos, e de repente somos os melhores de tudo e temos de ganhar sempre, não podemos empatar”, ironizou.
Questionado sobre o processo de certificação dos treinadores portugueses, considerado demasiado longo, o selecionador nacional de futebol, assegurou que a ANTF “está atenta a essa realidade, onde é preciso ter atenção ao período de experiência do que é o conhecimento do jogo”.
“Isso deve ser equacionado e ponderado na formação global dos treinadores, porque há os que vêm da faculdade já com uma área de conhecimento de maior nível, e também os que vem da área do futebol com outro conhecimento. Esses deviam de partir de um nível não zero e, sendo assim, evitaríamos tantos anos para se chegar a treinador”, defendeu.
O treinador indicou que o seu conhecimento do jogo e o nível do treino teve origem no que foi adquirindo ao longo dos anos enquanto jogador, “aprendizagem que deve ser consolidada pelos treinadores com a aquisição de conhecimento teórico”.
Para Fernando Santos, Portugal tem dos melhores treinadores do mundo, defendendo que esse o estatuto deve ser mantido com humildade: “Continuar igual a si próprio e a melhorar as suas capacidades quer ao nível da investigação. Temos de acompanhar a evolução na área da condição física, do treino, dos parâmetros mentais, uma evolução natural para continuarmos a sermos dos melhores”.
Fernando Santos participou no painel "Ser campeão europeu" do Forum da Associação Nacional de Treinadores de Futebol, que decorre na cidade de Portimão, onde estão inscritos cerca de 600 profissionais ligados ao futebol.
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