O selecionador português de futebol mostrou-se «orgulhoso» por poder orientar, «mesmo que pontualmente», Cristiano Ronaldo, um dos «maiores portugueses e dos melhores do Mundo de todos os tempos», explicando ser natural «rendimentos diferentes nos clubes e nas seleções».
«Sinto que estou a orientar, mesmo que pontualmente, um dos maiores jogadores portugueses de todos os tempos e, ao mesmo tempo, um dos melhores jogadores mundiais de todos os tempos. Os factos e os números estão aí», afirmou Paulo Bento, em entrevista à agência Lusa, ao perfazer dois anos no posto.
O treinador luso revelou-se «satisfeitíssimo com o rendimento e a postura» do atleta do Real Madrid nos trabalhos da equipa das “quinas” e desvalorizou a atenção mediática em torno da estrela madeirense, designadamente no último estágio, dominado pela confessada “tristeza” do craque na capital espanhola.
«Não é vantagem, nem desvantagem. É um problema da imprensa com o qual há que viver, mais do que conviver. Prioritário para nós era conquistar seis pontos nesses dois jogos, os planos de treino e de jogo. Desde que nós aqui entrámos, tratamos dos assuntos da federação, da seleção, de ter e de entregar os jogadores nas melhores condições possíveis aos clubes e preocuparmo-nos em respeitar os clubes, mas não nos imiscuirmos», disse.
Bento congratulou-se também com o facto de Cristiano Ronaldo estar a dois jogos de completar 100 internacionalizações “AA”, algo só atingido por Figo e Fernando Couto, além dos 37 golos marcados, a quatro de Eusébio e 10 dePauleta, e previu, «em função daquilo que é a sua regularidade, o seu rendimento», que irá ser «uma coisa natural bater esses recordes».
«A mim, mais do que como selecionador, como cidadão português, o que me enche de orgulho e satisfação não é só o liderar, orientar e treiná-lo pontualmente, mas sim ter um português sistematicamente com possibilidades de ser escolhido como o melhor do Mundo. É o suficiente para os portugueses se sentirem orgulhosos e poderem desfrutar dele ainda durante vários anos», continuou.
Sobre a rivalidade do antigo jogador de Sporting e Manchester United com o argentino Lionel Messi (FC Barcelona), o técnico considerou que a mesma «é exacerbada por jogarem no mesmo país e nos dois maiores rivais», porque «se têm estado em gerações ou décadas diferentes, não havia, se calhar, competição», aconselhando portugueses, argentinos e espanhóis a desfrutar.
Relativamente às críticas de que Ronaldo e outros futebolistas têm melhor rendimento nos respetivos clubes do que nas equipas nacionais, Bento encara o fenómeno como «normal», já que se «treina menos vezes» e os atletas «só se preparam, praticamente, para jogar», tendo «menos tempo para criar rotinas e automatismos».
«O normal é que haja questões diferentes no clube e na seleção nacional. Esse problema pode ser disfarçado de melhor maneira quando se fala de uma seleção espanhola e uma seleção alemã», defendeu, lembrando que nessas formações existe um núcleo duro de convocados de uma ou duas equipas, jogando a maioria dos futebolistas no país de origem.
Em jeito de brincadeira, Paulo Bento desejou que se passasse o mesmo em Portugal até para economizar papel, uma vez que, a cada convocatória, disse, os responsáveis da federação têm de «enviar uma grande quantidade de faxes para muitos clubes», algo que se reflete, naturalmente no “onze”.