Carlos Queiroz, o seleccionador que levou Portugal aos títulos mundiais de Sub-20 de 1989, em Riade, e 1991, em Lisboa, este faz na quinta-feira 20 anos, explica que a chave para a conquista foi o facto de Peixe ter conseguido terminar o Mundial sem ver qualquer cartão amarelo.
Em entrevista à agência Lusa, Queiroz recorda que Peixe era «um jogador que por vezes perdia o seu controlo emocional», por isso procurou sensibilizar o então médio do Sporting para a importância da sua presença da equipa, que dependia de não ver cartões.
«O Peixe era um jogador que às vezes perdia o seu controlo emocional. E eu lembro-me de uma conversa que tive com o Peixe em que lhe dizia: ‘Emílio, se tu conseguires fazer os jogos do Mundial sem amarelos, nós somos campeões do Mundo’», recordou.
Queiroz frisou que Peixe fez um Mundial «numa posição dificílima sem um amarelo, fez um Campeonato do Mundo limpo, em desarmes constantes, em dobras constantes, perfeitamente estabilizado» em termos emocionais.
«E aconteceu aquilo que eu lhe estava a dizer: ‘Se te mantiveres dentro da equipa e fizeres um Campeonato do Mundo limpo, nós vamos ser campeões do Mundo’. E fomos e ele ganhou o prémio para o melhor jogador», disse.
Emílio Peixe, que teria uma carreira discreta, apesar de ainda ter representado FC Porto e Benfica, acabou por ser premiado com a Bola de Ouro destinada ao melhor jogador do Mundial, numa eleição em que o avançado brasileiro Giovane Élber foi segundo e Paulo Torres terceiro.
Apesar de afirmar pensar que «todos mereciam» o prémio, Carlos Queiroz explica as razões pelas quais os “artistas” foram suplantados pelos “operários” nesta eleição.
«Eles fizeram todos exibições pendulares», disse, lembrando, no entanto, que Figo, Rui Costa e João Pinto estavam sujeitos «a ter momentos menos positivos» porque jogavam «em níveis de risco superior», dispondo de mais situações em que tinham «de arriscar, de criar, de inovar».
Segundo o técnico, «porque a dimensão risco não existe muito no seu jogo», Paulo Torres e Peixe «acabaram por passar impunes» nas exibições que foram fazendo ao longo do Campeonato do Mundo e foram premiados por isso.
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