A cidade mais próxima de Moçambique na África do Sul, Nelspruit, dista cerca de duas horas de viagem de carro de Maputo. Joanesburgo, capital económica, e Pretória, capital política, que vão acolher alguns jogos do Mundial (como Nelspruit), estão a pouco mais de 10 horas da capital moçambicana.
Segundo a secretária-executiva do Gabinete 2010, entidade criada pelo Governo moçambicano para dinamizar as oportunidades do Mundial, Isabel Macia, as autoridades desportivas portuguesas consideraram Moçambique “um destino natural” para um estágio da selecção portuguesa, num encontro em Janeiro com o ministro moçambicano de Turismo, Fernando Sumbane, em Lisboa.
“Na altura, não podia haver uma decisão porque Portugal ainda não estava qualificado. Com a qualificação garantida, vamos iniciar contactos para confirmar se o interesse se mantém ou não”, disse Isabel Macia.
A presença, ou não, da selecção portuguesa em Moçambique por altura do Mundial de 2010 é hoje um dos temas de discussão também por parte da comunidade portuguesa em Maputo, onde a vitória da selecção era o principal assunto na Associação Portuguesa à hora de almoço.
Se uns dão como certa a presença de Carlos Queiroz e dos jogadores, lembrando que Carlos Queiroz nasceu em Moçambique e tem interesses no país, o presidente da Associação é mais céptico, lembrando que enquanto em Moçambique vivem 18 mil portugueses, na África do Sul vivem 400 mil, pelo que fará todo o sentido que a equipa escolha aquele país para o estágio.
António Oliveira disse também que o Estádio Nacional de Moçambique não estará pronto até ao mundial e que o país não tem um campo de futebol em condições, sendo que o melhor, o da Machava, é de piso sintético.
“Vir para cá a selecção é misturar política com desporto. E se a selecção vier para aqui os portugueses vão andar todos atrás. O Brasil podia vir mas com Portugal a relação é diferente, ainda há complexos de colonizador e colonizado, enquanto que os sul-africanos receberiam melhor a selecção, sem essa carga emocional”, disse à Lusa.
Mas a comunidade portuguesa em Moçambique, acrescentou, “está mobilizada para ir à Africa do Sul” e “era uma desilusão muito grande se Portugal não se qualificasse”.
Felizes estão também os operadores turísticos. O presidente da Associação das Agências de Viagens de Moçambique (AVITUR), Abdul Leck, disse à Lusa que o apuramento de Portugal “poderá abrir imensas possibilidades de negócio para o sector turístico em Moçambique”.
“Com Portugal qualificado, há muitos portugueses interessados em ir a África do Sul. Uns vão sair directamente de Moçambique e outros vão passar em trânsito para ir ver a sua selecção”, sublinhou Abdul Leck.
Isabel Macia diz que os aspectos operacionais e desportivos de uma hipotética passagem da equipa lusa por Moçambique não foram ainda discutidos, e acrescenta que o Chile também mostrou interesse num estágio em Moçambique.
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