A forma de gerir uma equipa de alta performance foi hoje o tema de uma conversa de Roberto Martínez, selecionador nacional de futebol, num encontro de quadros da Altice Portugal onde foi apresentada a marca MEO Empresas. O mister da Seleção Nacional A partilhou a sua experiência e percurso profissional, a visão sobre a forma como avalia os jogadores e as equipas, e nem fintou as perguntas mais complicadas sobre Cristiano Ronaldo e o desempenho de Portugal em campo.

“Não acredito em tomar decisões num escritório. Não devemos decidir com base no que pensamos, é errado. Quando cheguei à equipa nacional recebi uma lista de todos os jogadores, do que fizeram e do seu compromisso”, explicou.

A base estava definida em janeiro e era preciso decidir a primeira convocatória.“A minha responsabilidade como selecionador é respeitar todos os membros pelo que fizeram no passado. O Cristiano Ronaldo deu 20 anos da sua carreira à seleção e é o único jogador no mundo do futebol que está próximo de 200 jogos internacionais”, afirmou de Roberto Martínez, lembrando que, no futebol, quando um jogador tem 50 jogos pela equipa nacional já tem uma carreira fantástica.

Quem é Roberto Martínez, o novo homem do leme da Seleção de Portugal
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Roberto Martínez explicou a uma plateia de profissionais da Altice Portugal que a sua preocupação inicial era como Cristiano se estava a sentir, se estava preparado para o novo projeto. “Depois tenho o maior poder: ser neutro. Tenho de usar o futebol para tomar a decisão, e não a mim próprio. E foi o que fiz”.

A decisão teve resultados positivos em março. No arranque da fase de apuramento para o próximo Europeu, Portugal bateu o Liechtenstein, por 4-0, com dois golos de Ronaldo e, pouco dias depois, o jogador de 38 anos voltou a ‘bisar’ no Luxemburgo (6-0).

“Cristiano foi um capitão fantástico, totalmente dedicado à equipa, e em campo marcou 4 golos”, destacou.

Como se escolhe uma equipa de alta performance?

O percurso profissional e o dia a dia de um selecionador foram também abordados por Roberto Martínez. “O meu trabalho é preparar a equipa”, explica, dizendo que tem à sua disposição os recursos que tem de analisar e que “a federação portuguesa é uma das mais profissionais no mundo”.

“Somos uma nação de 10,3 milhões […] temos 82 jogadores a jogar em equipas internacionais e a I Liga é uma das seis mais competitivas, por isso podem imaginar a lista de jogadores que temos”, sublinha Roberto Martínez.

O primeiro passo foi conhecer todos os jogadores. “Quando tenho de escolher 23 jogadores que representam o país, é importante para mim conhecer a pessoa por trás do jogador. Fazes uma avaliação da forma como estão em campo mas e é essencial tornarmo-nos uma equipa a nível humano”, defende o selecionador.

Roberto Martínez num encontro da Altice Portugal
créditos: Altice Portugal

“Sigo o que os jogadores fazem nos seus clubes, e todos os dias são diferentes. Vemos jogos online e vamos assistir a jogos […] tento reunir toda a informação possível”. Essa é a base para depois se escolher.

“As decisões não estão certas ou erradas, têm de ter uma base de informação. O resultado pode ser positivo ou negativo, mas a decisão é certa”, sublinha Roberto Martínez.

Para criar um ambiente de alta performance é preciso ter clareza de papéis, em que cada pessoa sabe o que tem de fazer e está convencido de que o consegue executar, dar valor ao “eu” na equipa e procurar a melhoria constante. “Se conseguires ter os três aspectos vês a equipa a crescer”.

A avaliação do selecionador nacional aos jogadores passa pela experiência e talento, mas também pela atitude. “Se não tiveres atitude não interessa a experiência e o talento, não vais conseguir fazer nada”, destaca, lembrando que as pessoas têm medo da mudança mas que a mudança é que traz inovação e que nos torna melhores profissionais.

E Portugal vai estar ao melhor nível? O selecionado quer criar uma cultura de alta performance, mas sabe que há sempre críticas dos adeptos, porque esta é uma área muito emocional.

“A diferença entre o que fazem na empresa, é que se for bom ou mau fica na empresa. Eu faço um jogo e no dia seguinte apanho um táxi e o taxista diz-me tudo o que fiz mal na noite anterior”, ironiza Roberto Martínez.