A federação italiana de futebol (FIGC) anulou hoje a suspensão de um jogo imposta a Sulley Muntari, que abandonou o relvado durante a partida da Liga italiana frente ao Cagliari, após ser visado com cânticos racistas da bancada.

O futebolista ganês do Pescara queixou-se ao árbitro dos cânticos racistas de que estava a ser alvo, mas este exibiu-lhe um cartão amarelo pelos gestos veementes que fez e outro depois de abandonar o relvado, deixando a sua equipa reduzida a dez unidades a poucos minutos do final da partida que o Cagliari venceu por 1-0.

De acordo com o comunicado divulgado então pela instância disciplinar da Liga italiana, o jogador ganês foi suspenso por um jogo depois de "ter sido avisado por duas vezes por causa dos seus protestos e por ter violado os regulamentos ao abandonar o relvado sem autorização do árbitro".

Hoje a FIGC decidiu anular a decisão, considerando o assunto “particularmente sensível”.

Sobre os mesmos incidentes, a Liga italiana decidiu não sancionar o Cagliari, tendo em consideração que os gritos racistas partiram de uma dezena de espetadores, que representam menos de um por cento dos adeptos que se encontravam naquele setor do estádio”.

A Associação dos Sindicatos dos Jogadores de Futebol (FifPro) tinha exortado as autoridades italianas a investigar e a tomar medidas firmes na sequência dos insultos racistas a Sulley Muntari.

“Instamos as autoridades italianas a ouvir a versão de Muntari, a apurar porque razão a situação foi tão mal gerida e a tomar medidas firmes para garantir que não se repita”, escreveu a FifPro em comunicado.

No entendimento deste organismo, “nenhum jogador deve ter de lidar com estes problemas sozinho”, como aconteceu com Muntari, que se viu compelido a fazê-lo, quando os futebolistas profissionais “têm o direito de serem protegidos pelas autoridades competentes no exercício do seu trabalho, no qual qualquer discriminação é inaceitável”.