O proprietário do AC Milan, Silvio Berlusconi, garantiu hoje que a sua equipa voltará a abandonar uma partida antes do final se os seus futebolistas forem novamente alvo de insultos racistas.
Berlusconi, ex-primeiro-ministro italiano e presidente do Milan, comentava a decisão adotada na quinta-feira pela sua equipa de abandonar um jogo particular em protesto contra insultos racistas dirigidos pelos adeptos do Pra Patria, da quarta divisão italiana, a alguns dos seus jogadores.
O encontro, que se disputava na localidade de Busto Arsizio, província de Varese (Lombardia), foi suspenso aos 26 minutos da primeira parte, depois do capitão do Milan, Massimiliano Allegri, ter ordenado aos seus companheiros que abandonassem o relvado, na sequência de insultos racistas dirigidos ao avançado ganês nascido na Alemanha Kevin-Prince Boateng.
«Posso assegurar que em quaisquer jogos, inclusivamente europeus, se nos voltarmos a deparar com episódios de natureza semelhante, adotaremos como regra o abandono do relvado», sublinhou Berlusconi, citado pela agência italiana ANSA.
O ex-chefe do governo italiano elogiou ainda a atitude de Kevin-Prince Boateng, que decidiu abandonar as quatro linhas depois de ouvir insultos racistas por parte de adeptos do Pro Patria.
A atitude de Boateng e dos seus companheiros foi amplamente elogiada pelos media e jogadores italianos, embora figuras como Gennaro Gattuso e Clarence Seedorf, ambos ex-Milan, tivessem questionado a decisão.
«Boateng sentiu-se ofendido, mas eu não acredito que tenha sido racismo. Parece mais ter sido um episódio de idiotice coletiva de uma minoria», argumentou Gattuso.
Seedorf, que joga atualmente no Botafogo da primeira divisão brasileira, disse temer que o episódio de quinta-feira possa vir a ser aproveitado por adeptos racistas.
«Não vejo isso (a atitude do Milan) como uma coisa assim tão positiva. Acho até que pode potenciar esse tipo de comportamento [racista]», sustentou Seedorf.
A UEFA não fez até o momento qualquer comentário sobre o incidente no jogo entre o Milan e o Pro Patria.
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