Seja na reta final do campeonato ou no arranque da nova temporada, um clássico entre Benfica e FC Porto é sempre aguardado com grande expectativa e esta noite, na Supertaça Cândido de Oliveira, não será exceção.
Tanto a encarnados, campeões nacionais em título, como a dragões, vencedores da Taça de Portugal, importa contrariar algumas fragilidades evidenciadas na pré-temporada, ainda mais depois da saída de algumas peças fulcrais.
No caso do Benfica, a transferência de Gonçalo Ramos para o PSG deixou Roger Schmidt sem o melhor goleador da equipa na época passada, mas representa enorme janela de oportunidade para Petar Musa, que viveu na sombra do dianteiro algarvio na temporada passada.
Arthur Cabral estará prestes a ser oficializado, mas no imediato será o croata a assumir a frente de ataque das águias, que também garantiram Ángel Di María – um regresso 13 anos depois -, Orkun Kokçu e David Jurásek.
O lateral esquerdo terá a difícil tarefa de fazer esquecer Grimaldo, que rumou ao Bayer Leverkusen, enquanto Kokçu e Di María oferecerão mais soluções no meio-campo e no ataque.
Já o FC Porto anunciou a contratação de Nico González para compensar a saída de Matheus Uribe (rumou ao Qatar), ainda que Sérgio Conceição possa contar com mais uma opção ofensiva de relevo – Fran Navarro, após duas épocas de grande nível Gil Vicente – numa altura em que Taremi ainda tem o seu futuro incerto.
Outros pilares cobiçados são Diogo Costa, que tem evoluído de forma condicionada, mas será recuperável para este desafio, e Pepê, adaptado a lateral direito em função da lesão prolongada de João Mário e das saídas de Wilson Manafá e Rodrigo Conceição.
A pré-época do Benfica
Duas derrotas, perante Burnley (2-0) e Feyenoord (2-1), concluíram num registo algo preocupante a pré-temporada do Benfica, que até tinha iniciado da melhor forma, ao somar quatro triunfos em outros tantos jogos.
No estágio em St. George’s Park, os encarnados tiveram o primeiro teste, com um triunfo seguro sobre o Southampton, recém-despromovido ao Championship, por 2-0, com golos de David Neres e Ristic, dirigindo-se depois para território suíço.
No jogo de apresentação do Basileia aos sócios, o Benfica voltou a vencer, desta feita por 3-1, mérito de uma primeira parte de alto nível, com golos dos reforços Di María e David Jurásek, intercalados pelo tento de Gonçalo Ramos.
Seguiu-se o Troféu do Algarve, em que as águias se superiorizaram de forma convincente perante o Al-Nassr, de Cristiano Ronaldo, por 4-1, com um ‘bis’ de Gonçalo Ramos, mais um golo de Di María e outro de Andreas Schjelderup, consumando a conquista da prova ao bater o Celta de Vigo (2-0, marcaram Di María e Petar Musa).
No entanto, as dinâmicas inicialmente apresentadas sob a batuta de Roger Schmidt acabaram condicionadas por adversários mais agressivos e pressionantes.
Frente ao Burnley, no Estádio do Restelo, o Benfica controlou a primeira parte, com o seu onze mais rotinado, mas não conseguiu finalizar, acabando por sofrer dois golos na segunda metade. Já com o Feyenoord, campeão neerlandês, o conjunto lisboeta voltou a mostrar algum desgaste, o que resultou em nova derrota (2-1), atenuada com um tento de Musa já perto do fim.
A pré-época do FC Porto
Tal como sucedeu com o rival, a preparação do FC Porto para 2023/24 arrancou da melhor forma, com um duplo êxito sobre a Académica (4-0), da Liga 3, e a equipa B dos azuis e brancos (3-0), ambos no Olival.
A equipa de Sérgio Conceição seguiu depois para o Algarve, onde continuou a triunfar – 2-0 diante do Portimonense, e 4-0 sobre o Imortal, do Campeonato de Portugal, e sobre o Cardiff, do Championship – até sofrer a primeira derrota frente ao Wolverhampton (0-1), no duelo que marcou o reencontro com Julen Lopetegui.
Uma igualdade com o Estrela da Amadora (3-3), recém-promovido à I Liga, marcou o fim do estágio algarvio do FC Porto, que voltou a empatar frente ao Rayo Vallecano (1-1), na apresentação aos adeptos no Dragão.
Danny Namaso disfarçou no último suspiro a desinspiração coletiva e revelou maior eficácia do que Taremi, que falhou uma grande penalidade diante dos espanhóis, mas redimiu-se dias depois, ao sentenciar da marca dos 11 metros a partida com o SC Braga (1-0), no Olival.
Histórico de confrontos
No que à Supertaça diz respeito, o domínio do FC Porto sobre o Benfica é avassalador: venceu 11 dos 12 troféus disputados com os encarnados.
Mesmo com a prova a duas mãos, ou até com finalíssima, é preciso recuar até 1993, há 30 anos, para encontrar um triunfo do Benfica ou um desaire do FC Porto num duelo entre ambos na competição.
No último duelo, que aconteceu em dezembro de 2020, devido aos reajustes do calendário provocados pela pandemia, o FC Porto voltou a surgir vitorioso, em Aveiro, conquistando a 22.ª Supertaça da sua história com golos de Sérgio Oliveira e Luis Díaz.
Deste modo, o triunfo sofrido do Benfica na edição de 1984/85 acaba por ser a exceção à regra. Depois de vencer em casa por 1-0, com um golo de Diamantino Miranda, o conjunto encarnado empatou a zero nas Antas, em dezembro de 1985, e bem pode agradecer a conquista a Manuel Bento, que trancou a baliza a sete chaves.
Este triunfo dos lisboetas sobre os portistas é histórico, já que, nos restantes 11 embates para a Supertaça, o FC Porto venceu sempre, e de todas as formas e feitios – com desempates por grandes penalidades, goleadas históricas e grandes remontadas.
O jogo desta noite pode também ser histórico para Sérgio Conceição, que espreita a quarta vitória na Supertaça, tornando-se assim no treinador que mais vezes conquistou o troféu. O técnico partilha atualmente com Artur Jorge o topo da lista de treinadores que mais vezes ergueram o troféu, depois das vitórias sobre Aves, em 2018, Benfica, em 2020, e Tondela, em 2022.
Já Artur Jorge conquistou a prova também sempre ao leme dos dragões (quando esta ainda era disputada a duas mãos), nas temporadas de 1983/84, 1985/86 e 1989/90.
O que dizem os protagonistas
Roger Schmidt (Benfica): "Sabemos que é sempre difícil jogar contra o FC Porto. É uma equipa muito boa, mas sinto que estamos bem preparados e vamos tentar colocar em campo o que trabalhámos na pré-época."
Otamendi (Benfica): "É sempre lindo jogar um clássico e ainda mais com um título em jogo. É importante ganhar. Os títulos é que te diferenciam dos outros. Vamos tentar conquistar este título, é importante a nível coletivo e também a nível individual. É importante olhares para o teu currículo e veres títulos. Amanhã vai ser um dia muito bom e vamos fazer o melhor para ganhar."
Sérgio Conceição (FC Porto): "Amanhã [hoje] é um jogo diferente, cabe-nos levar o jogo para onde nos sentimos confortáveis, não acredito nesses jogos psicológicos... Somos superiores muitas vezes porque trabalhamos muito, somos dedicados, temos uma ambição muito grande, que vai de encontro à paixão dos nossos adeptos - e meto um parêntesis para convocar amanhã que sejam um 12.º jogador. É isso que esperamos, um jogo muito difícil, muito competitivo contra um rival de grandíssima qualidade e capacidade, que é o campeão nacional. E isto não é música para embalar, como vi e ouvi esta semana. São os dois clubes com mais títulos nacionais, mais títulos internacionais. Que seja um grande clássico e ganhe o FC Porto."
Pepe (FC Porto): "Merecemos estar na Supertaça. Vencemos a Taça e temos o direito. Vai ser uma final muito difícil. Trabalhámos para alcançar o objetivo: vencer o troféu. Estamos no início, é um título que queremos ganhar. Estamos focados na vitória, não pensamos noutro resultado."
Luís Godinho foi o árbitro nomeado para dirigir o encontro em Aveiro. O juiz da AF Évora vai ter Paulo Soares e Pedro Ribeiro como assistentes e Fábio Veríssimo no papel de quarto árbitro. João Pinheiro será o responsável principal do VAR, sendo auxiliado por Fábio Melo e Luciano Maia.
O pontapé de saída entre Benfica e FC Porto para a Supertaça está marcado para esta quarta-feira, às 20h45 no Estádio Municipal de Aveiro. Pode acompanhar todas as incidências deste desafio, ao minuto, no SAPO Desporto, com fotos e vídeos dos principais lances.
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