O criador do novo troféu da Supertaça Cândido de Oliveira, o designer Nuno Duarte Martins, considera que a peça artística foi ao encontro do «arrojo» sugerido pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF) para a competição.

Nuno Duarte Martins, que divide as tarefas de professor do ensino superior com as de responsável pela renovada imagem da competição que marca o início da temporada futebolística, explicou à agência Lusa todo o processo de criação da taça que será erguida pelo vencedor do FC Porto-Vitória de Guimarães, marcado para sábado, em Aveiro.

«Foram dois meses de trabalho intenso», começou por dizer o docente do Instituto Politécnico do Cávado e Ave (IPCA), de Barcelos, que reside na Maia e que andou género "vaivém" entre aquelas duas cidades do Norte, a Marinha Grande e Lisboa durante esse período.

Nuno Duarte Martins recordou o desejo dos responsáveis federativos por um «troféu arrojado» e assumiu o «elevado nível de risco» da peça que criou, tanto em termos de produção como de impacto visual.

Depois de trabalhados mais de 100 quilos de cristal em bruto, uma peça com cerca de 15 quilos desse material, com dois elementos de prata, ganhou forma compatível com a necessidade de «mais carisma e força» de uma competição que «não pode mais ser vista como uma simples prova quase de pré-época».

Quanto ao novo troféu, foi criado a partir de métodos artesanais e centenários, nas fábricas de cristal da Marinha Grande, o que implicou ter que se recomeçar o trabalho sempre que surgia um defeito, o que é muito comum nesse processo de trabalho.

«Porém, todos os próximos troféus serão parecidos mas não iguais, pois não se trata de produzir em série nem em molde», sublinha Nuno Duarte Martins: «serão muito parecidos, mas serão sempre feitos de origem».

Relativamente à nova imagem da Supertaça enquanto competição, na qual «encaixa» o novo troféu, afirmou que a intenção é «transmitir mais Portugal» e deixar «bem clara a mensagem associada à figura de Cândido de Oliveira», razão pela qual escolheu o cristal.

«É um material que revela transparência e ‘fair-play’. E, por dentro, tem ouro», disse o designer, para quem o todo da peça se resume da seguinte forma: «É a última batalha, a última conquista, o embate entre o vencedor do campeonato e o da Taça de Portugal, a última [prova] do ano. Como a última Cruzada. E daí a cruz de Cristo em destaque».

«Tem um lado maior, que representará o vencedor, e um lado mais pequeno, do vencido», descreveu Nuno Duarte Martins, recordando que o nome do vencedor da edição que se disputa sábado será gravado logo após o fim do jogo, pelo que o troféu será entregue devidamente atualizado.

A arte do professor do IPCA não é novidade no mundo do futebol, pois foi ele que criou, há três anos, os troféus da I e II divisões, assim como o da Taça da Liga.

Duarte Martins diz-se apaixonado pela modalidade e pelo seu potencial de comunicação, mas «não afetado pela clubite», o que lhe permite afastar-se das paixões de uma final como a que se jogará entre o FC Porto e o Vitória de Guimarães, no Estádio Municipal de Aveiro.

«Desde que trabalho para no futebol que tenho uma visão do seu outro lado. Que ganhe o melhor. São duas equipas que chegaram a esta disputa com mérito», resumiu.