De um lado, o treinador com mais sucesso na Liga portuguesa de futebol desde Mourinho, do outro os jogadores que com ele estiveram na campanha do bicampeonato do Benfica, antes de Jorge Jesus rumar ao Sporting.

O palco é o Estádio do Algarve, entre Faro e Loulé, e estará em jogo a Supertaça, este domingo, naquele que vai ser o reencontro entre o carismático treinador, três vezes campeão em seis anos pelo agora rival, e os seus antigos 'discípulos', com o plantel do Benfica a praticamente não apresentar diferenças.

Não podia começar mais mediática a época oficial, já que Jesus se tornou ao longo dos anos um dos símbolos do futebol 'encarnado' e transferiu-se pura e simplesmente para o 'eterno rival', o outro clube grande de Lisboa, que não poupou dinheiro para assegurar uma contratação milionária e, garantidamente, motivante.

Quando ainda faltam pouco menos de três semanas para o fim do período de contratações, o retrato mostra claramente um Sporting muito galvanizado e ganhador e um Benfica que não conhece a vitória na pré-temporada e tarda em assimilar os métodos do novo treinador, Rui Vitória.

Provavelmente, o Benfica vai entrar em campo no Algarve com pelo menos 10 jogadores da época passada, não sendo crível que entrem 'caras novas' para o onze inicial, além da eventual aposta no marroquino Mehdi Carcela, que veio do Standard de Liége.

Mas perdeu referências incontornáveis, como Lima e Maxi Pereira, continua com Salvio lesionado e, sobretudo, tem estado a ‘leste’ dos bons resultados, perdendo com Paris Saint-Germain, New York Red Bulls e Monterey e fazendo 'nulos' com Fiorentina e Club América.

Com muito mais dias fora de Portugal que o Sporting (18 contra 8), distâncias percorridas e horas de voo, o Benfica parece estar mais cansado e com evidentes problemas de recuperações, como é o caso da primeira escolha de dupla de centrais, Luisão e Jardel.

As fraquezas têm sido evidentes e parece claro que Luís Filipe Vieira vai mesmo ter de melhorar o plantel ‘encarnado’ se quiser ter o Benfica como candidato credível para o 'tri'. Mas ainda não será agora que isso se vai ver - contratações, só lá mais para a frente.

Em contrapartida, o Sporting demonstra estar mais adiantado e próximo de um 'esqueleto de equipa' final, muito diferente da época passada, assimilando já o agressivo 4x4x2 que Jorge Jesus prefere.

Jesus fez por 'blindar' a defesa - Michael Ciani, Naldo, João Pereira - e deu 'músculo' ao ataque - Gutiérrez e Bryan Ruiz, o que até faz esquecer a 'traição' de Mitroglou e o 'flop' de Boateng, já que mantém o que de melhor tinha a equipa do ano passado.

Com o tónico de um novo treinador de prestígio, o Sporting ganhou com clareza ao Crystal Palace e à Roma e entusiasma os adeptos, reencontrados com a equipa, pelo menos por enquanto.

O primeiro grande teste para ambas as equipas é justamente esta Supertaça, que, acima de tudo, é mais um ‘clássico’ e que vale por si só, independentemente do momento dos dois grandes de Lisboa.

O historial global 'joga' a favor do clube da ‘águia’, os encontros entre os dois na Supertaça pendem para o 'leão', por larga margem, mas domingo o que vai mesmo marcar este jogo, e torná-lo diferente, é a estreia de Jorge Jesus no ‘clássico ‘vestindo as cores do Sporting.

O primeiro grande dérbi do ano, mesmo que afastado de Lisboa, teve por parte da arbitragem uma consideração de primeira e o árbitro nomeado foi o internacional Jorge Sousa, o primeiro da classificação do ano passado.