Um Benfica e Vitória de Guimarães muito remodelados anularam-se e não foram além de um empate sem golos no arranque da presente edição da Taça da Liga, em encontro do grupo B, disputado no Estádio da Luz. Tal como previsto por ambos os treinadores nas respetivas conferências de imprensa de antevisão ao encontro realizado na noite de quarta-feira, os onzes iniciais que entraram em campo foram muito diferentes em relação às últimas partidas disputadas no campeonato. A jogo foram duas equipas muito alteradas, com os treinadores Bruno Lage e Ivo Vieira a promoverem oito alterações face aos derradeiros encontros. Nos 'encarnados' sobressaíram as estreias absolutas de Zlobin, Jardel e Caio Lucas no 'onze inicial' - o guardião russo estreou-se também com a camisola da equipa principal das águias -, enquanto nos minhotos só Davidson, Poha e Sacko mantiveram a titularidade.

O Jogo: Vimaranenses entraram mais fortes, mas Benfica conseguiu equilibrar

Com tantas mudanças nas equipas iniciais, esperava-se um início de jogo algo incerto e com alguns jogadores com pouco ritmo e rotinas de jogo. Se do lado do Benfica houve alguma inércia nos minutos iniciais, o mesmo não se pode dizer da equipa de Ivo Vieira. A formação vimaranense entrou melhor no jogo e foi capaz de não só assegurar a coesão defensiva, como também demonstrou uma interessante desenvoltura ofensiva desde o primeiro minuto. Ivo Vieira apostou num esquema de 4-2-3-1 muito dinâmico, sendo que as deambulações de Davidson, Rochinha e Lucas Evangelista nas costas de Bonatini foram uma autêntica dor de cabeça para a defesa do campeão nacional.

Jardel foi o primeiro jogador do Benfica a criar perigo junto da baliza do brasileiro Douglas, num cabeceamento que saiu perto do poste, aos 16 minutos, mas antes disso os vimaranenses tiveram duas oportunidades muito boas para inaugurar o marcador, primeiro por Davidson, aos seis minutos, e depois por Rochinha, três minutos depois. A formação vitoriana sempre se mostrou mais atrevida nos minutos iniciais, ao passo que jogo dos encarnados tinha pouca fluidez, sinal da falta de ligação entre o meio-campo e a zona mais avançada do campo.

O Benfica demorou alguns minutos a conseguir reequilibrar as contas do encontro, mas ainda assim o Vitória de Guimarães sempre se mostrou mais afoito nestes primeiros 45 minutos e só mesmo o azar - ou excesso de pontaria nos postes - impediram os visitantes de ir para o intervalo em vantagem.

Em cima do apito de Rui Costa para o intervalo, o Vitória de Guimarães teve não uma, mas quatro oportunidades para se adiantar no encontro e todas na mesma jogada. Zlobin - com uma defesa espetacular em cima da linha de golo a um remate fortíssimo de Bonatini - negou o golo aos vitorianos, Pedro Henrique recargou para o poste, Rochinha para a barra e, por fim, numa segunda recarga, Davidson atirou à figura de Zlobin.

Os forasteiros começaram a segunda parte na mesma toada em que terminaram a primeira e à procura de marcar o primeiro golo do encontro, com Bonatini a saltar mais alto do que Nuno Tavares e a cabecear ao lado, quando Zlobin já estava fora da jogada. Pouco depois, foi a vez de Davidson rematar rasteiro para uma nova defesa guardião russo. Os minutos de jogo passavam-se e o Benfica continuava quase que a ser 'dominado' em casa pelo Vitória de Guimarães. Com uma hora de jogo decorrida, Bruno Lage decidiu colocar em campo Rafa Silva no lugar no apagadíssimo Jota, que até tinha estado em bom plano no jogo com o Moreirense com uma assistência para o golo vitorioso de Seferovic, e o jogo dos campeões mudou da noite para o dia com a sua entrada.

O internacional português foi uma autêntica seta apontada à baliza de Douglas e veio revolucionar por completo a dinâmica de jogo até então apresentada pela sua equipa, ajudando a travar o ímpeto do adversário. Pouco depois, o técnico setubalense colocou em campo o regressado Gabriel, após uma paragem por lesão que durava já desde a Supertaça, e num curto espaço de tempo tudo mudou melhor no esquema de jogo dos encarnados. O Benfica cresceu no jogo e começou finalmente a ameaçar Douglas. Rafa, Caio Lucas e Seferovic tiveram o golo à sua mercê, mas faltou a pontaria desejada.

A equipa da Luz terminou a partida a carregar sobre o Vitória de Guimarães - na última meia-hora os encarnados dispuseram de cinco oportunidades para inaugurar o marcador -, tal como havia acontecido no final da primeira parte, mas desta feita protagonizado pelos forasteiros. E, à semelhança do final dos primeiros 45 minutos, a bola nada quis com as balizas de Zlobin e Douglas e a partida acabou mesmo sem golos, apesar de ter sido muito bem disputada de parte a parte.

Confira o resumo do encontro:

Momento do jogo: O inacreditável minuto 45

O Vitória de Guimarães, em cima do apito para o intervalo, dispôs de quatro oportunidades na mesma jogada para inaugurar o marcador no Estádio da Luz. Zlobin - com uma defesa de recurso a remate de Bonatini - negou o golo em cima da linha para o poste, Pedro Henrique recargou para o poste, Rochinha para a barra e, por fim, Zlobin segurou a última tentativa de Davidson.

Os melhores:

Davidson: Uma autêntica dor de cabeça para a defesa encarnada durante os 90 minutos. Tomás Tavares andou muitas vezes aos papéis com as movimentações do brasileiro. Teve uma grade oportunidade para inaugurar o marcador no final do primeiro tempo, e somou muitos remates e assistências para os colegas. Um nome a ter em conta esta temporada.

Zlobin: Estreia positiva do guardião russo com a camisola da equipa principal do Benfica. Ao contrário do que muitos pensariam, o guarda-redes teve muito trabalho e revelou-se determinante na forma como impediu, por diversas vezes, que o Vitória de Guimarães se colocasse em vantagem. Depois de ter saído em falso num lance no final do primeiro tempo, redimiu-se no momento seguinte com uma defesa quase "impossível", na qual tirou a bola praticamente em cima da linha de golo.

Rochinha: Se Davidson brilhou no lado esquerdo do ataque dos vitorianos, Rochinha não lhe quis ficar atrás e também se apresentou em grande nível na faixa oposta do terreno de jogo, onde conseguiu, ora por fora, ora pelo corredor central, aproveitar bem o espaço livre concedido pelo adversário. Testou algumas vezes a atenção de Zlobin.

Rafa: A sua entrada em jogo foi fundamental para a transfiguração da maneira como os encarnados se apresentaram nos primeiros 60 minutos do encontro. O Benfica ganhou subitamente profundidade com as arrancadas do internacional português, sendo um quebra-cabeças para o adversário nos minutos finais.

Gabriel: A falta que o médio brasileiro fazia a Bruno Lage e ao jogo do Benfica. A entrada de Gabriel trouxe serenidade ao meio-campo das águias e também a grande subida na qualidade de circulação da equipa.

Os piores

Jota: Depois de uma excelente ponta final de jogo em Moreira de Cónegos, partida na qual até assistiu Seferovic para o golo da vitória frente ao Moreirense, o avançado foi titular contra o Vitória de Guimarães e pouco ou nada apareceu no primeiro tempo, muito por culpa também da apatia geral da equipa nos primeiros 45 minutos.

Samaris: Está em má forma e a anos-luz daquilo que já mostrou com a camisola do Benfica. Precisa de elevar o nível se quiser ter lugar a titular nesta equipa.

Reações:

Ivo Vieira: "Bruno Lage é um exemplo fantástico para o futebol"

Bruno Lage: "Era só marcar o golo que o jogo vinha logo parar-nos às mãos"

Rochinha fala de "grande jogo" frente ao Benfica: "Peca por não haver golos"

Gabriel: "O Vitória de Guimarães exigiu muito de nós"