O FC Porto não vence para a Taça da Liga há seis jogos. Na noite desta quinta-feira empatou a uma bola no Dragão com o Feirense, somando o segundo empate na prova, depois do 0-0 com o Belenenses. A formação de Nuno Espírito Santo vai para a derradeira jornada de calculadora na mão, depois de mais um jogo abaixo dos pergaminhos do clube.

O jogo: alguém se esqueceu de ´regar o pinheiro`
Para este jogo com os de Santa Maria da Feira, Nuno mexeu em todos os sectores: deu a titularidade a José na baliza, Boly na defesa, Rúben Neves, Herrera e João Carlos Teixeira (estreia a titular) no meio-campo e Depoitre na frente, recuperando assim o 4-3-3 que tinha Corona e Brahimi nas alas.

O problema voltou a estar na forma de construção de jogo da equipa. Com Depoitre como homem mais avançado, o FC Porto insistiu em alimentar o belga de quase dois metros com bolas nas costas da defesa ou com muitos passes pela zona central. Raramente usou os corredores para cruzar e quando o fazia, era pelos laterais. Só que, quando estes chegavam à linha de fundo para centrar, já o Feirense estava organizado e com mais elementos dentro da área. O ´pinheiro` Depoitre era uma ´ilha` no meio do oceano de defesas. Com ele no jogo, exigia-se mais cruzamentos dos extremos mas Brahimi (em grande forma, atirou à barra logo aos dois minutos) continua a fazer ´rotundas` e a não se desfazer da bola em tempo útil e Corona voltou a fazer uma péssima exibição. O mexicano ganhou a linha várias vezes mas desperdiçou sempre no último passe, com cruzamentos que levaram o Dragão ao desespero.

Nuno tentou corrigir no segundo tempo, alargando ainda mais as linhas, com a entrada de Rui Pedro que obrigou Brahimi e Corona a encostarem-se nas alas, num 4-4-2 que passou a ter Óliver (entrou no segundo tempo) e Ruben Neves no meio. A equipa marcou cedo por Marcano (golo de cabeça aos 50 a passe de Herrera) mas acabou por ´dormir` em cima do resultado. O Feirense, que só chegava á área de José Sá nas bolas paradas, empatou pelo central Flávio Ramos, depois de o guarda-redes portista ter negado o empate minutos antes. E foi mesmo José Sá a evitar que o escândalo fosse maior com uma defesa espetacular já perto do final, aos 86 minutos, a livre de Etebo.

Ninguém percebe este Dragão tão oscilante, que joga instalado no meio-campo contrário mas tem dificuldades em criar situações de golo. É sempre o último passe que falha. Corona não justifica a titularidade e ninguém sabe o que se passa com Herrera. Das poucas vezes que a defensiva do Feirense foi batida, o guarda-redes Vaná lá estava para evitar males maiores. Foi um dos melhores em campo.

Momento-chave: José mantém FC Porto na luta pela ´final four`

Corria o minuto 86 quando o Feirense beneficiou de um livre à entrada da hora. Etebo pegou na bola, rematou-a em arco. José Sá esticou-se todo e negou o golo ao jogador africano, mantendo assim o FC Porto na luta pelo apuramento ao ´play off` e evitando assim um escândalo maior.

Polémica: FC Porto ´pede` três penaltis

A arbitragem de João Pinheiro não foi fácil. Os ´dragões` andam ´escaldados` com os árbitros e com aquilo que consideram ser uma perseguição à sua equipa. Pediram falta de Flávio Ramos sobre Depoitre na primeira parte aos 19 minutos (o árbitro considerou carga de ombro) e do mesmo central sobre Herrera num lance em que o defesa do Feirense saltou à bola para acabou por falhar o esférico e derrubar o mexicano, aos 49 da primeira parte. Antes desse lance, aos 47, um defesa do Feirense cortou um remate de Herrera com o braço mas o árbitro teve a mesma decisão que nas situações anteriores: mandou seguir.

Os melhores: Vaná, Brahimi e Flávio brilharam

Brahimi: está numa grande forma e os adeptos do FC Porto devem perguntar: ´Onde andou este Brahimi?` Vai para o CAN em janeiro, logo agora que começa a ser decisivo. Foi dos melhores e viu a barra negar-lhe o golo logo aos dois minutos.

Vaná: o guada-redes do Feirense fez um bom jogo no Dragão. Negou o golo a João Carlos Teixeira, Herrera e Rúben Neves com grandes defesas. Esteve seguro a sair dos postes nos lances de bola parada.

Flávio Ramos: foi, a par de Vaná, um dos melhores em campo. Coroou a sua exibição com o golo do empate, num bom golpe de cabeça, num lance em que foi melhor que Marcano.

Os piores: Corona e o ataque do Feirense

Corona: mais um jogo titular, mais uma exibição pobre. Decidiu sempre mal. E quando conseguia desequilibrar, falhava o último passe.

Herrera: é dos jogadores do FC Porto com mais técnica no meio-campo mas tarda em aparecer esta época. É capitão da equipa mas às vezes nem sai do banco. Esta noite ficou-se a perceber melhor porque não joga. Complica muito o jogo, falha passes fáceis e demora sempre a decidir.

Ataque do Feirense: os comandados de Manta Santos foram ao Dragão defender e tentar sair para o contra-ataque. Defenderam quase sempre bem mas as saídas não apareceram. Perigo mesmo, só em lances de bola parada. O suficiente para sair do Dragão com um ponto.

Reações: Nuno queria mais dos seus jogadores. Manta Santos satisfeito com o ponto

Nuno: "Foi um jogo não muito conseguido do FC Porto"

Marcano: "Baixámos o ritmo"

Manta Santos: "Contrariamos o FC Porto e fomos premiados com um golo"

Curiosidades:

Em 14 jogos em casa esta época, em metade deles o FC Porto não conseguiu marcar na 1.ª parte.

O FC Porto já empatou cinco jogos em casa esta época, o registo mais elevado de empates desde 2008/09. Os ´dragões` não chegavam aos dez empates em tão poucos jogos numa época desde 2004/05. Este foi também o 10.º empate da época dos azuis-e-brancos em 27 jogos.

O FC Porto não vence na Taça da Liga há seis jogos. Também não venceu nenhum dos três jogos em casa nesta prova.

Mais de 25 anos depois, o Feirense volta a marcar em casa do FC Porto. Pedro Miguel, em 1990, tinha sido o último a consegui-lo. E esta foi também a primeira vez que os de Santa Maria da Feira não perderam em casa do FC Porto (sete jogos).

Flávio Ramos fez o 1.º golo pelo Feirense, ao 7.º jogo pelo clube. Não marcava qualquer golo há mais de dois anos e meio (maio 2014, pelo Náutico).