De quase eliminado a apurado. O Sporting foi buscar forças onde parecia não as ter para encetar uma recuperação fantástica frente ao Portimonense, mesmo tendo jogado 45 minutos com menos um jogador. Uma segunda parte de grande nível atiraram a equipa de Silas para a última fase da Taça da Liga, prova onde o Sporting vai tentar defender o troféu conquistado na época passada. A juventude deu cartas em Portimão, num encontro onde foi preciso recorrer ao banco para ter o 'bilhete' da 'final-four' da prova. Se houve mérito do Sporting no segundo tempo, também é preciso dizer que houve demérito do Portimonense: jogou pior com mais um jogador e ainda sofreu três golos.
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O Jogo: banco a render, num jogo de duas caras
O Sporting chegou ao Algarve munido de calculadora, rádio sintonizado em Vila do Conde e agasalho suficiente para fazer frente ao mau tempo que tem assolado o país de norte a sul. E a matemática do Grupo C da Taça da Liga não era muito fácil: para passar à 'final-four', o Sporting precisava de vencer o Portimonense e esperar que o Rio Ave não fizesse o mesmo diante do Gil Vicente. O Portimonense também estava na mesma situação mas até podia empatar, desde que o Rio Ave fizesse o mesmo, mas com menos golos. Mas, vencendo, os algarvios teriam de esperar que os vila-condenses não fizessem o mesmo, caso contrário, seria preciso recorrer à diferença de golos, e depois ao maior número de golos marcados e, se possível, a quem apresentou a equipa mais jovem em campo. Contas e contas e mais contas.
Se essas eram as contas de António Folha, as de Silas eram mais complicadas: tinha de pensar nas contas da passagem, é certo, mas tinha de saber que equipa colocar em campo. É que, de uma assentada, ficou sem dois avançados antes do encontro: Jesé foi dispensado porque foi pai, Luiz Phellype tinha estado a braços com uma gastroenterite nos últimos dias, pelo que a sua utilização só seria possível em caso de muita emergência.
Demasiadas contas, que se complicaram quando o Sporting apanhou-se a perder por 2-0 aos à passagem da meia hora com um penalti de Rafael Camacho sobre Junior Tavares aos 16, que Jackson converteu com sucesso, e um autogolo de Mathieu aos 31, após perda de bola no meio-campo.
Era preciso resgatar a equipa, que sentia inúmeras dificuldades para travar o 3-5-2 do Portimonense, uma equipa a jogar em toda a largura, a atrair o Sporting para o lado da bola e depois a variar o flanco para tirar partido do muito espaço existente. O jogo pedia alguém que guiasse os 'leões' na recuperação e esse alguém só poderia Bruno Fernandes. Fantástica a forma como descobriu Luciano Vietto para o 1-2 aos 37 minutos.
A segunda parte é um Sporting de querer, de raça, de garra, de vontade em dar a volta a situação, mas também de um Portimonense, estranhamente, sem chama. Após a expulsão de Bolasie aos 45 minutos, esperava-se que os algarvios confirmassem a vitória no segundo tempo. E, quem viu o jogo, deve ter ficado convicto disso mesmo quando, aos 47 minutos, Aylton Boa Morte teve nos pés o 3-1 mas permitiu a defesa de Maximiano.
Uma defesa que lançou o Sporting para a fantástica recuperação, com Rafael Camacho a empatar com um golaço aos 77, já a jogar a lateral direito, com Plata (entrou aos 75 no lugar de Doumbia) a confirmar a reviravolta aos 84, assistido por Bruno Fernandes, e com Luiz Phellype (entrou aos 67 no posto de Ristovski) a confirmar o resultado nos descontos. Dois golos saídos do banco, um de um jogador que pode ser solução na lateral direita. Para Camacho e Plata, foi a estreia a marcar na equipa principal do Sporting. Para Luiz Phellype foi o 9.º golo esta época.
Silas foi arrojado, apostou tudo no ataque no segundo tempo e foi premiado. Os 'leões' terminam a fase de grupos com duas vitórias e uma derrota, deixando para trás o Portimonense e o Rio Ave, ambos com quatro pontos, e o Gil Vicente que somou três.
Na 'final four', a disputar entre 21 e 25 de janeiro, em Braga, os 'leões', campeões nas edições de 2017/2018 e 2018/19, vão defrontar o vencedor do grupo A, a sair do jogo deste domingo entre o Paços de Ferreira e o Sporting de Braga, bastando aos 'arsenalistas' o empate.
Momento-chave: Plata coloca 'leão' na frente pela primeira vez
Numa altura em que ambas as equipas procuravam a vantagem, o Portimonense vai sofrer o 3-2, após canto... a favor. Má abordagem de um defensor do Portimonense, a deixar a bola para o Sporting que, numa situação de quatro para dois, Bruno Fernandes meteu no tempo certo em Gonzalo Plata. O jovem dominou com o pé esquerdo e com o direito, rematou certeiro, dando a cambalhota no marcador.
Polémica: Árbitro 'meteu água' num lance que seria resolvido pelo VAR... se houvesse VAR
Aos 45 minutos, num lance entre Bolasie e Willyan e Bolasie, o jogador dos algarvios caiu no chão e ficou a pedir falta. João Pinheiro fez-lhe as vontades e ainda mostrou o segundo amarelo a Bolasie, expulsando o congolês do Sporting. Nas imagens dá para ver que não há qualquer contacto na cara do brasileiro, pelo que não havia lugar sequer para falta, quando mais para amarelo. Um lance que seria facilmente revertido pelo vídeo-árbitro mas... a fase de grupos da Taça da Liga não tem VAR.
Os Melhores: Youth Power a mandar no 'leão', Bruno sempre presente
A juventude do Sporting começa a dar nas vistas: Camacho foi titular, começou a extremo e acabou a lateral direito, posição de onde sacou um 'coelho da cartola', no 2-2, no melhor golo da noite. Gonzalo Plata foi lançado aos 75 e, aos 84, fazia o empate num golo pleno de oportunidade. Na baliza, Luís Maximiano foi mantendo o Sporting no jogo, com defesas fantásticas, com a que fez aos 47 minutos, desviando com a ponta dos dedos um remate de Aylton Boa Morte que podia ter 'matado' o jogo.
Bruno Fernandes pode não ter marcado mas fez duas assistências fantásticas para o 1-2 de Vietto e o 3-2 de Plata.
Do Portimonense, destaque para Lucas Fernandes, um dos responsáveis pela boa primeira parte dos algarvios, principalmente a distribuir jogo, a gerir os ritmos e a levar a equipa para a frente.
Os Piores: Tremideiras defensivas... nos dois lados
O Sporting falhou inúmeras saídas para o ataque, com perdas de bola em zona proibida devido a passes errados. Um deles deu em contra-ataque que Mathieu não conseguiu travar e acabou por fazer autogolo. O francês e Coates tiveram muitas dificuldades, principalmente no primeiro tempo, para travar as investidas de Dener e Jackson Martinez, os homens mais adiantados dos algarvios.
O Portimonense parece ter-se 'paralisado' com a possibilidade de seguir par a 'final-four'. A forma com geriu a bola e o jogo no segundo tempo, a jogar com mais um jogador, é incompreensível. Sofreu três golos a jogar toda a segunda parte com menos, dois deles de contra-ataque.
Reações: Ferro fala em alma e coração, Folha lamenta paragem coletiva
Folha: “Não matámos o jogo, a equipa ficou frustrada e o Sporting começou a acreditar”
Jackson Martinez peremptório: “Faltou um pouco o sentido de responsabilidade”
Emanuel Ferro: “Cometemos erros mas houve coisas extraordinárias”
Rafael Camacho: “Mostrámos o que é ser um leão”
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*Artigo atualizado e corrigido às 12h35
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