Não foi fácil, mas o FC Porto saiu vitorioso da visita ao Estádio D. Afonso Henriques, onde derrotou um Vitória de Guimarães lutador na primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal. Pepê foi o autor do golo decisivo (num lance em que Bruno Varela vacilou) e o último bilhete para o Jamor vai ser disputado no Dragão.
Os azuis e brancos venceram o primeiro 'round', mas este duelo será reeditado já no domingo, para a I Liga, enquanto o terceiro e decisivo capítulo está agendado para 17 de Abril, no Porto.
O jogo explicado
Já antes do apito inicial estavam lançadas as bases para um duelo interessante, entre o 3.º e o 5.º classificados do campeonato. Duas equipas ofensivas, que não têm medo de jogar e com alterações ao onze inicial. O capitão Bruno Varela entrou para o lugar de Charles na baliza vitoriana, enquanto o resto da equipa é a mesma que bateu o Moreirense. Assente num 3-4-4, que depois mudou para um 3-5-2, a equipa de Álvaro Pacheco esteve sempre coesa e organizada num bloco médio que não permitia muitos espaços.
Já Sérgio Conceição foi forçado a fazer mais alterações devido às expulsões de Diogo Costa e Francisco Conceição no Estoril. Lançou Cláudio Ramos e deu oportunidade a Gonçalo Borges, colocando também Jorgie no lugar de João Mário. No 4-2-3-1 que já é habitual, teve no meio-campo a chave do jogo, com Nico e Varela a gerir a ligação com a defesa e Pepê a municiar o ataque.
Arranque morno
No início sentiu-se a importância de começar bem esta eliminatória e as equipas acusavam a pressão de não querer errar cedo. O jogo foi muito discutido a meio-campo e os jogadores demonstravam pouca clarividência na hora de criar perigo, o que originou muitas bolas longas e mais duelos físicos.
A primeira parte teve pouca baliza, apesar do claro domínio das operações portista, e no primeiro lance que acordou a plateia do D. Afonso Henriques, Gonçalo Borges chocou com Bruno Varela na área vimaranense no início do tempo de compensação e perante a perspetiva de uma grande penalidade quebrou-se a monotonia que se tinha instalado.
Aliás, isso foi o arranque do melhor período da partida até então, que entrou numa sucessão diabólica de lances de ataque por parte das duas equipas, com Nico, Alan Varela e João Mendes a alterarem a pressão arterial dos adeptos. Infelizmente, o árbitro apitou para o intervalo e e refreou os ânimos.
O retorno após período quente
O segundo tempo já foi bem mais enérgico e Pepê não demorou a fazer o golo que se viria a revelar decisivo para estes primeiros 90 minutos: Galeno arrancou e deixou a bola em Nico, que tirou um adversário do caminho e fez uma assistência açucarada para Pepê aparecer nas alturas e cabecear para a glória.
Se o Vitória de Guimarães já estava a fazer uma boa partida, após sofrer o golo não se deixou ir abaixo. Conseguiu meter o FC Porto em sentido e tentou assumir as rédeas do encontro, criando a espaços ocasiões de perigo. No entretanto ia sendo traído por falta de um bocadinho de sorte (e frieza) o que ia impedindo a bola de encontrar o destino pretendido.
O tempo ia passando e aos 70 minutos o estádio voltou a ficar em sentido. Evanilson arrancou num contra-ataque fulminante e quando parecia que ia ultrapassar Borevkovic, o central intercetou a bola com a mão e matou ali o lance. Nuno Almeida ficou-se pelo cartão amarelo, por entender que a jogada ainda estava no meio-campo e que ainda havia jogadores vitorianos a acompanhar Evanilson.
Com o cansaço e o medo de arriscar e comprometer o resultado para o jogo da segunda mão, as equipas acalmaram o ritmo e a o risco na partida também diminuiu gradualmente. FC Porto e Vitória perceberam que ainda há mais 90 minutos para disputar no Dragão, a 17 de abril, e o apito final de Nuno Almeida encerrou a primeira metade da eliminatória com tudo em aberto.
O momento: Voo letal
Inevitavelmente, o momento que mais impacto teve no jogo foi o golo de Pepê, aos 52 minutos. O ala transformado em médio deu seguimento ao fantástico passe em arco de Nico González e foi ao terceiro andar para, num gesto atípico, cabecear com força para a baliza de Bruno Varela. O guarda-redes do Vitória ficou mal visto no lance, uma vez que deixou passar uma bola defensável que saiu na sua direção.
Os melhores: O Tico e o Teco
A partir do momento que esta dupla se juntou no meio-campo do FC Porto, o futebol azul e branco ficou diferente. Alan Varela e Nico González complementam-se de tal maneira, que já justificaram plenamente o interesse de Sérgio Conceição na sua contratação, depois de terem estado a ser aperfeiçoados na primeira parte da temporada.
Em Guimarães, o argentino foi o pêndulo da equipa, sendo o primeiro a começar o ataque e o tampão fundamental na transição defensiva. Já o espanhol ganhou intensidade a defender e deixou bons pormenores ofensivos além da assistência, demonstrando requinte e qualidade.
O pior: Começa a ficar tarde
É verdade que não tem muitas oportunidades, mas quando as tem também não convence plenamente. Gonçalo Borges é o grande mistério no plantel azul e branco, uma vez que parece ter potencial para dar o salto, mas não consegue ter influência atacante na equipa, como aconteceu no duelo com o Vitória. O extremo já tem 23 anos e começa a ficar tarde para se afirmar na equipa titular se não o conseguir em breve. revelou pouco entrosamento coletivo e perde-se em fintas inconsequentes, deixando a sensação que pode dar mais.
Opiniões dos treinadores
Álvaro Pacheco, do Vitória de Guimarães: "A nível de oportunidades e jogo corrido, batemo-nos com o FC Porto. Isto dá-nos esperança. Agora é estarmos mais capazes na 2.ª mão. Acredito muito que esta eliminatória está em aberto".
Sérgio Conceição, do FC Porto: "Se tivermos consciência que há 90 e tal minutos para jogar, as coisas podem tornar-se mais fáceis dentro de um jogo difícil".
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