Marcar seis golos em dois jogos, no espaço de 72 horas, devia agradar a qualquer treinador. Mas quando se sofre quatro e os dois triunfos são a tangente, há muito que analisar. O Benfica deu um passo rumo à final da Taça de Portugal mas sofreu a bem sofrer na Luz para levar de vencida o Famalicão, a equipa sensação desta temporada em Portugal. Houve duas cambalhotas no marcador na Luz e só um golo de Gabriel aos 95 minutos ditou o triunfo dos 'encarnados', que vão para o jogo da segunda-mão da meia-final da Taça de Portugal em vantagem.

A poucos dias do clássico no Dragão com o FC Porto e que pode decidir muito do título da Primeira Liga para o Benfica, a prestação defensiva dos campeões nacionais deve dar dado alguns 'cabelos brancos' a Bruno Lage. O técnico reconheceu os erros na conferência de imprensa.

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O Jogo: Chuva de golos na 2.ª parte e um meio-campo a rever antes do clássico

Bruno Lage prometeu não dar descanso a nenhum jogador mas o clássico de sábado pedia mudanças no onze do Benfica. E foi o que fez: deu a titularidade a Odysseas Vlachodimos na baliza pela primeira vez na Taça, descansou Ferro, Vinícius e Rafa mas foi obrigado a lançar a artilharia para voltar a sorrir.

João Pedro Sousa tinha prometido um Famalicão diferente daquele que foi goleado por 4-0 em dezembro de 2019 para a I Liga. Apesar de algumas mudanças o sector mais recuado (jogou Ivo Pinto na direita, Centelles ficou no banco, tal como Roderick Miranda), os famalicenses criaram muitas dificuldades ao Benfica. A equipa nortenha nunca abdicou da sua forma de jogar, sempre apoiada, a construir desde detrás, com vários jogadores a darem linha de passe, a sair com calma e paciência, até chegar ao último reduto do Benfica.

Ora pelo meio, onde Rosic e Pedro Gonçalves davam 'cartas', ora pelas alas, com destaque para Fábio Martins e Diogo Gonçalves, a equipa de João Pedro Sousa parecia ter aprendido a lição após a goleada na I Liga na Luz e sabia onde 'ferir' o Benfica.

Com apenas Gabriel e Taarabt no meio, a pressão do Benfica contava com Pizzi mas também Chiquinho, que recuava para ajudar no meio-campo e assim auxiliar os seus colegas nas tarefas defensivas. Com bola, o Benfica tinha muita pressa em chegar à frente, nem sempre com critério. A equipa sentiu a falta de Vinícius no primeiro tempo, já que Seferovic parece não estar num bom momento, a avaliar pela quantidade de vezes em que foi apanhado em fora de jogo.

O primeiro tempo foi interessante mas faltava-lhe golos. Pedro Gonçalves falhou um de baliza aberta aos 17. Antes Chiquinho tinha disparado para as 'nuvens' o primeiro sinal de perigo do Benfica.

O Benfica continuava a não poder travar as saídas para o ataque do Famalicão, principalmente quando a equipa nortenha metia velocidade no jogo, por Fábio Martins e Diogo Gonçalves. Os dois extremos encontraram muitas facilidades para progredir com bola, tanto nos corredores como na zona central, através de movimentos interiores.

Quando Bruno Lage trocou Chiquinho por Vinícius, já depois de Pizzi ter dado vantagem ao Benfica, de grande penalidade, aos 52 minutos, o Benfica ficou mais à mercê dos ataque rápidos do Famalicão. Foi assim que Pedro Gonçalves iniciou e concluiu uma grande jogada individual, onde deixa para trás três adversários, sempre em velocidade, antes de combinar com Diogo Gonçalves, aos 60, para empatar a partida.

Foi também desta forma que, após perda de bola no ataque do Benfica, que Pedro Gonçalves irrompeu sobre a defensiva benfiquista antes de servir o espanhol Toni Martinez para o 2-1, aos 73. O Benfica falhava na recuperação defensiva.

Rafa resgatou a equipa com o empate aos 78, na recarga a um remate de Vinícius que Vaná não segurou. No último suspiro, Gabriel foi lá a frente fazer o golo da vitória.

As ‘águias’, que estiveram pela última vez no Jamor em 2016/17, adiantarem na eliminatória, no arranque de um mês de fevereiro ‘frenético’, que ainda inclui eliminatória da Liga Europa, com o Shakhtar Donetsk, e clássico com o FC Porto, para a I Liga já no próximo sábado. Um jogo onde Lage terá de pedir outro comportamento à equipa, depois de sofrer quatro golos em três dias. Uma vitória deixará o Benfica com uma mão no título, um empate deixa tudo tudo na mesma (sete pontos de vantagem) e uma derrota fará soar os alarmes, já que os 'dragões' ficariam a quatro pontos.

Momento-chave: Gabriel teve cabeça para manter ´águia' no caminho das vitórias

No último dos cinco minutos de compensação dados pelo árbitro Hugo Miguel e quando todos já esperavam pelo empate, Gabriel foi até a área desviar um canto de Grimaldo ao primeiro poste e bater Vaná pela terceira vez. O Benfica dava a cambalhota no marcador e conseguia a vitória no último suspiro.

Os Melhores: Gonçalves e Gonçalves, Ltda

Pedro e Diogo Gonçalves foram, a par de Fábio Martins, dos melhores no Famalicão. O primeiro marcou e assistiu para o 2-1 e teve arrancadas prometedores no meio-campo; o segundo assistiu o primeiro e deu muitas dores de cabeça à defensiva 'encarnada'. Fábio Martins também foi importante a levar a equipa para a frente, ora pela forma como entrava na linha defensiva do Benfica com bola, ora através de passes.

Rafa entrou e marcou no primeiro remate que fez. Continua com 'faro' de golo e deve recuperar a titularidade no Dragão.

Os Piores: Seferovic a 'dormir', recuperação defensiva do Benfica a falhar

Lage abordou o tema na conferência de imprensa embora não tenha gostado que se tivesse colocado algumas culpas em Gabriel. O Benfica desorganizou-se várias vezes quando perdia a bola na frente, permitindo as saídas rápidas do Famalicão. Só dois homens no meio é pouco perante uma equipa que sai a jogar com critério e qualidade.

Seferovic pouco acrescentou ao jogo ofensivo do Benfica. O suíço não atravessa um bom momento e parece infeliz dentro de campo. Foi apanhado diversas vezes em fora-de-jogo.

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