O Sporting vai visitar com espírito atacante o Benfica, na terça-feira, em jogo da segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal, projeta o ex-futebolista moçambicano Paíto, entusiasmado com o momento do líder isolado da I Liga.

“O Sporting será igual a si próprio. Não acredito que chegue à Luz para tentar defender o resultado, até porque, com a experiência que tem, o treinador Rúben Amorim sabe muito bem que as equipas que entram para defender acabam por perder. Penso que irão jogar sempre ao ataque, procurando marcar um golo que tranquilize a equipa”, reconheceu à agência Lusa o ex-defesa esquerdo, que atuou pelo clube de Alvalade, de 2002 a 2005.

Benfica, recordista de conquistas, com 26, e Sporting, terceiro mais titulado, com 17, vão discutir o acesso à final da Taça de Portugal, na terça-feira, às 20:45, no Estádio da Luz, em Lisboa, praticamente um mês depois do êxito tangencial ‘leonino’ em Alvalade (2-1).

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“É uma vantagem amarga. O Sporting merecia ter dilatado o resultado em casa, pois fez um belíssimo jogo e foi superior a todos os níveis. Agora, cada partida tem a sua história. Costuma-se dizer que as paragens da I Liga prejudicam quem vai na frente, mas espero que o Sporting mantenha o foco e a confiança. Tem todas as condições para seguir em frente, sabendo que será um jogo difícil e que o Benfica tem uma grande equipa”, notou.

Paíto, de 41 anos, admite que o dérbi na Luz vai criar impacto na receção do Sporting ao Benfica, quatro dias depois, para a 28.ª jornada do campeonato, numa altura em que os ‘leões’ são líderes isolados, com um ponto de avanço e menos um jogo face às ‘águias’.

“Essa coincidência [de calendário] não será tão boa para a equipa que perder o primeiro jogo, porque entrará no dérbi seguinte já com algumas limitações. São provas diferentes, mas cada encontro é importantíssimo e a cara de quem ganha não é a mesma de quem perde. Quem vencer para a Taça de Portugal está em melhores condições para ganhar o dérbi do campeonato. Se o Sporting vencer esse, é o adeus do Benfica ao título”, frisou.

A época ‘leonina’ está reduzida às duas principais competições nacionais, após a queda nos ‘oitavos’ da Liga Europa perante os italianos da Atalanta, mas o antigo internacional moçambicano acredita num plantel “psicologicamente bem preparado” para as decisões.

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“Já se sentia nos últimos jogos que os atletas não são de ferro e que não é fácil estar em primeiro e ter de jogar semanalmente a cada três dias. Viu-se no passado que o Sporting realizava grandes exibições, mas, às vezes, não ganhava. Este ano, a estrelinha da sorte e de campeão está lá. Mesmo com desgaste, já ganhou sem jogar tão bem”, direcionou.

Vice-presidente da Federação Moçambicana de Futebol, Paíto aplaudiu a progressão do compatriota Geny Catamo, que se impôs como ala direito no regresso a Alvalade, após empréstimos discretos como extremo ao serviço do Vitória de Guimarães e do Marítimo.

“Era difícil de prever que pudesse dar o salto que deu. É um belíssimo jogador, humilde e gosta sempre de aprender, mas prefiro partilhar esse mérito com o seu treinador. Nunca imaginei vê-lo a alinhar nesta posição, mas o Rúben Amorim descobriu coisas diferentes, que, se calhar, nem o próprio jogador acreditava. Os resultados estão à vista”, observou.

Martinho Martins Mucuana, mais conhecido por Paíto, eternizou-se na história dos dérbis em 26 de janeiro de 2005, quando, num rasgo genial, fez um ‘túnel’ a Luisão e marcou o único golo ao serviço do Sporting, num embate dos ‘oitavos’ da Taça de Portugal vencido pelo Benfica no desempate por penáltis (7-6, após empate 3-3 no final dos 120 minutos).

“Foi um dos melhores dérbis dos últimos tempos. Jogar em ambientes destes arrepiava e marcar um golo é fantástico, mas não sinto absolutamente nada, porque já se passaram muitos anos. Fico orgulhoso, porque as pessoas não se esqueceram de mim”, gracejou.