A pandemia de COVID-19 travou a auditoria final da Agência Mundial Antidopagem (AMA) ao Laboratório de Análises de Dopagem (LAD) para recuperar a acreditação internacional, que o Estado português esperava alcançar no final do primeiro trimestre.
Em entrevista à Lusa, o presidente do Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ), Vítor Pataco, assegurou que o LAD já “está em condições de fazer a acreditação” e que há “uma expectativa bastante positiva” de uma decisão favorável do organismo máximo de combate ao doping.
No entanto, assumiu ser “difícil” traçar uma nova meta para o laboratório português, em virtude da propagação do novo coronavírus.
“A auditoria final por parte da AMA estava prevista para 02 de abril. Primeiro, foi adiada por duas semanas, para 16 de abril, e agora a AMA cancelou a auditoria até haver condições de poder realizá-la”, afirmou, acrescentando: “É por culpa da pandemia que eles não puderam fazer a auditoria final e isso é que vai determinar a reacreditação ou não do laboratório. Estamos dependentes da evolução da situação pandémica a nível mundial”.
O IPDJ assumiu a execução da “opção estratégica” do Governo na recuperação da acreditação do LAD junto da AMA, suspensa em 2016 e revogada em 2018 devido à não conformidade com os procedimentos internacionais.
Nesse sentido, o laboratório português passou a contar com 20 pessoas nos quadros - pondo fim ao regime de prestação de serviços -, o que conferiu “segurança e estabilidade” ao organismo e cumpriu uma das exigências da AMA.
Desde então, Vítor Pataco revelou que o “investimento global para a reacreditação do laboratório ultrapassa os dois milhões de euros em três anos”, entre contratações e remunerações, formação de técnicos em laboratórios estrangeiros, modernização do sistema de gestão e aquisição de equipamentos especializados.
“Os ensaios intercalares e interlaboratoriais decorreram com bons resultados. Este não é um processo de uma só avaliação. Aquilo a que a AMA se comprometeu é que farão todos os possíveis para que esse procedimento de análise e decisão seja o mais célere possível”, vincou.
Segundo o presidente do IPDJ, a importância de voltar a ter o laboratório de Lisboa entre os cerca de 30 laboratórios acreditados a nível mundial é “capital”.
Por outro lado, sem vincular prazos para o seu funcionamento em pleno, admitiu a “esperança” de que alguns atletas da missão portuguesa para os Jogos Olímpicos Tóquio2020, em 2021, possam já ser controlados e analisados no laboratório nacional.
“Isto vai permitir que na estratégia de combate ao doping no nosso país e, em especial, junto dos atletas portugueses, as amostras possam ser analisadas em Portugal, em vez de serem analisadas em laboratórios estrangeiros, e o laboratório fica apto a receber também análises e amostras de outros países, como já aconteceu antes”, referiu.
Devido à pandemia de COVID-19, o LAD, atualmente dirigido por João Ruivo, “está sem operação”, mas “não está parado”, assegurou ainda Vítor Pataco, notando que os técnicos estão em teletrabalho e em conferências internas para acertarem informações científicas e avaliações técnicas, com vista a “retomar em qualquer momento” a atividade.
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