Quase 80% dos questionados num inquérito levado a cabo por um projeto europeu considera que o desporto necessita de mais inclusão "em termos de género, incapacidades e minorias" na força de trabalho, especializada ou não especializada.

O inquérito foi levado a cabo através da Internet pelo projeto European Sector Skills Alliance for Sport and Physical Activity (ESSA-Sport), coordenado em Portugal pela Escola Superior de Desporto de Rio Maior em articulação com o Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ).

Debruça-se sobre as necessidades e tendências do setor, com 262 respostas portuguesas entre as 3.812 europeias totais, e revela uma atitude sobretudo positiva quanto à evolução económica e ao aumento dos postos de trabalho.

Um dos problemas apontados é a progressão de um cargo técnico para um cargo de gestão, apontado por mais de 60% dos inquiridos, bem como a falta de inclusão, "em termos de género, incapacidades e minorias", apontada por 77,1%.

O mesmo projeto levou a cabo um estudo sobre a evolução da força de trabalho no setor entre 2011 e 2018, com um aumento de 14 mil pessoas, para quase 40 mil, a trabalhar em Portugal em desporto, um crescimento de 57,8%.

Ainda assim, registou-se um crescimento na desigualdade de género no setor, com um crescimento do número de homens na profissão de 51,3% para 55,8% dos números totais, com as mulheres a descerem de 48,7% para 44,2%.

Os números lusos seguem a tendência da UE, na qual as mulheres compunham em 2011 47,9% dos postos de trabalho, passando para 45,6% sete anos depois.

Os inquiridos foram ainda instados a escolher os atributos e competências mais e menos importantes para cada função específica associada ao desporto.

Nessa categoria, a capacidade para trabalhar com pessoas com deficiência foi escolhida em primeiro lugar como menos importante para treinadores, e em segundo lugar para animadores e guias de atividades ao ar livre.

Menos de um terço das respostas manifesta preocupação com a capacidade da organização em que os inquiridos trabalham de manter os postos de trabalho atuais, com mais de 33% a prever um aumento da força de trabalho.

Quanto às principais dificuldades do setor, as respostas mais frequentes prendem-se com salários mais competitivos noutras organizações, a sazonalidade dos empregos, a localização geográfica e a falta de progressão na carreira, além ausência de compromisso.

A maior parte das organizações representadas pelos inquiridos recorre a trabalho de voluntários (84,6%), em todas as funções analisadas.

A maioria dos inquiridos concorda que o setor se tem profissionalizado e que está "a mudar e evoluir", bem como as capacidades exigidas dos trabalhadores, pedindo ainda maior proximidade do ensino superior e novos cursos de formação.

Em Portugal, o estudo foi coordenado por Abel Santos, Alfredo Silva, Diogo Carmo, Elsa Vieira, Pedro Sobreiro e Cristina Almeida, docentes em Rio Maior, e teve como objetivos "analisar e definir o mercado de trabalho do desporto", perceber as principais tendências do setor e descrever o estado da formação específica.