Os organizadores dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Tóquio2020 anunciaram hoje a criação de uma comissão para garantir a transparência na escolha “o mais rápido possível” do sucessor de Yoshiro Mori, que se demitiu após declarações sexistas.

A seleção dos candidatos e a eleição do sucessor de Yoshiro Mori no cargo de presidente do comité organizador de Tóquio2020 “devem ser feitas o mais rápido possível”, disse o diretor-executivo da organização, Toshiro Muto, em conferência de imprensa.

Embora Toshiro Muto não tenha especificado quando o processo terá início, o dirigente insistiu na necessidade de nomear um sucessor “imediatamente” e que a saída de Yoshiro Mori não afeta a organização dos Jogos Olímpicos Tóquio2020.

Toshiro Muto referiu que a comissão de seleção será constituída por um número proporcional de homens e mulheres, entre os quais representantes de atletas, que terão um peso central, e será presidido pelo diretor-executivo da Canon, Fujio Mirai.

O japonês Yoshiro Mori, de 83 anos, apresentou hoje a demissão após a controvérsia desencadeada pelos seus comentários sexistas na semana passada, de que “as mulheres têm dificuldade em ser concisas”, durante uma reunião do organismo a que presidia.

"As reuniões dos conselhos de administração com a presença de muitas mulheres demoram demasiado tempo. Se for aumentado o número de membros femininos e o tempo de intervenção não for limitado, será mais difícil concluí-las, o que é irritante", sustentou Mori.

O dirigente demissionário disse ainda que “as mulheres têm espírito competitivo” e “se uma levanta a mão [para poder intervir], as outras sentem-se na obrigação de também falarem”, fazendo com que as reuniões demorem muito tempo a concluir.

Em reação à renuncia de Yoshiro Mori, o presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), o alemão Thomas Bach, disse que o organismo a que preside “respeita plenamente” e “entende” as razões que levaram à demissão do dirigente japonês.

O presidente do Comité Paralímpico Internacional (IPC) e membro do COI, o brasileiro Andrew Parsons, espera que as reações provocadas pelas declarações sexistas de Yoshiro Mori sejam aproveitadas “para que a sociedade dê mais ênfase à diversidade e à inclusão”.

A polémica gerada pelas declarações de Mori, que o próprio reconheceu “contrárias ao espírito olímpico” num pedido de desculpas, levou à demissão de centenas de voluntários para os Jogos e causou profundo mal-estar entre os patrocinadores do evento.