A judoca Telma Monteiro, bronze em -57kg, foi a grande figura de Portugal nos Jogos Olímpicos Rio2016, ao conquistar a medalha que nunca deu como perdida, a única que faltava no seu palmarés único.
Depois das frustrações de Atenas2004, Pequim2008 e Londres2012, a mulher do ‘carrapito’ chegou fora do lote das favoritas, mas com o desejo intenso de levar um ‘metal’, qualquer um, e concretizou-o, com a garra de sempre, mas mais experiência e frieza, mais consciente do que tinha de fazer.
A capacidade que teve em superar o desaire, no ponto de ouro, com a número 1 mundial, a mongol Sumiya Dorsjuren, foi, como admitiu, a chave do seu sucesso, em forma de um espetacular triunfo, no primeiro combate da repescagem, sobre a francesa Automne Pavia.
“Eu vim para ficar”, exclamou a judoca do Benfica, depois do ‘ippon’ à gaulesa, numa expressão que bem poderia ser complementada por “com uma medalha”.
Importante, no caminho para o bronze, foi também a forma autoritária como entrou, ao ataque, com uma vitória sobre a neozelandesa Darcina Manuel, e, obviamente, a maneira como terminou, com um triunfo sobre a romena Corina Caprioriu, de forma autoritária, impondo toda a sua experiência.
As sucessivas deceções olímpicas acabaram ali, no ‘tatami’ da Arena Carioca 2, igualando o feito de Nuno Delgado, em Sydney2000, e cimentando ainda mais o seu lugar de melhor judoca portuguesa de ‘todos os tempos’, entre homens e mulheres.
Telma Monteiro consagrou-se olimpicamente, aos 30 anos, porque nunca desistiu desse sonho, o de adicionar o ‘metal’ olímpico aos muitos já conquistados em Mundiais (cinco) e Europeus (11), competição que já venceu por seis vezes.
“Foi uma medalha merecida, não só porque ela tem um currículo desportivo extremamente rico, mas porque comprovou o seu nível”, disse o Chefe de Missão, José Garcia, quando fez o balanço da participação lusa.
De facto, ninguém coloca em casa o merecimento deste bronze, desta ‘cereja’ no topo da carreira da judoca do Benfica, que ganha internacionalmente há uma dúzia de anos, desde o bronze em Bucareste, no Europeu de 2004, ano que se estreou nos Jogos, em Atenas, com um 12.º lugar.
Então na categoria de -52kg, Telma Monteiro começou ai a ganhar e não mais parou, somando mais dois bronzes em 2005, no Europeu de Roterdão e no Mundial do Cairo, para, em 2006, arrebatar o seu primeiro cetro continental, em Tampere.
No ano seguinte, revalidou o título em Belgrado e subiu mais um ‘degrau’ no Mundial, conquistando a prata no Rio de Janeiro, no que foi a primeira de quatro derrotas em finais de campeonatos do Mundo, ‘maldição’ ainda por quebrar.
Depois de nova frustração olímpica, com nono lugar em Pequim2008, Telma transitou para a categoria de -56kg e a mudança correu bem, pois, em 2009, somou o terceiro cetro europeu, em Tbilissi, e foi vice-campeã do Mundo em Roterdão.
Em 2010, colecionou a terceira prata mundial, em Tóquio, e o terceiro bronze europeu, em Viena, para, em 2011, arrebatar a única prata no ‘velho continente’, em Istambul.
Campeã europeia no ano posterior, em Chelyabinsk, a judoca lusa chegou a Londres2012 como uma das grandes candidatas ao ouro olímpico, mas, mais uma vez, falhou o objetivo, ao perder no primeiro combate e ficar-se pelo 17.º lugar.
À terceira não foi de vez, mas Telma não desistiu e, em 2013, somou o terceiro bronze europeu, em Bucareste, para, em 2014, voltar a somar um título europeu, em Varsóvia, e um segundo lugar no Mundial, no regresso a Chelyabinsk.
No ano passado, os Europeus realizaram-se em Baku, integrados na edição inaugural dos Jogos Europeus e a judoca lusa chegou ao ouro, dando as melhores indicações para o Rio2016, de onde saiu com a tão desejada medalha e já a pensar em Tóquio2020, onde quererá ainda mais.
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