A olímpica Ana Barros, que tinha sido a última a estar numa final em Mundiais de natação até Diogo Ribeiro ter conquistado a prata, segunda-feira nos 50 mariposa, destacou a importância desta experiência a um ano dos Jogos Olímpicos.

Ana Barros, que hoje tem 53 anos, é um dos nomes incontornáveis da história da modalidade em Portugal e é uma de apenas três finalistas em campeonatos do Mundo – depois de Alexandre Yokochi, em Madrid1986, foi oitava nos 50 metros costas em Perth1991.

Cerca de 32 anos se passaram até que Diogo Ribeiro, de apenas 18 anos, conseguiu chegar aos oito melhores em Fukuoka, no Japão, nos 50 mariposa, elevando ainda mais a fasquia com a primeira medalha de sempre, no caso a prata, com o 15.º melhor tempo de sempre, a nível mundial, na distância.

Tem acompanhado desde sempre “muito de perto a natação nacional e internacional” e, segunda-feira, viu Diogo Ribeiro conseguir novo feito, como já tinha assistido a “outros resultados marcantes”, conta em entrevista à Lusa.

Além da medalha, destaca também o apuramento de João Costa para os Jogos Olímpicos Paris2024, chegando à meia-final, e o raro prazer de poder ver “dois nadadores na parte da tarde, como se costuma dizer”.

A queda de recordes e barreiras, diz, é coisa que não lhe incomoda, até porque “a partir do momento em que se deixa de nadar não faz sentido torcer” para seguir com a melhor marca.

“Porque não representa a evolução que todos queremos. Quanto mais rápido estes recordes forem batidos e as barreiras ultrapassadas... é sinal que podemos estar a chegar mais alto. (...) Esperemos que aconteça ainda mais nestes campeonatos”, comenta.

João Costa, que superou “mínimos dificílimos”, e Diogo Ribeiro, que “se destaca mais e que, a manter algumas condições necessárias, pode ter anos muito interessantes”, são dois exemplos de um grupo de nadadores que hoje em dia “tem tido uma evolução interessante”, ainda que “na natação em geral, que é uma questão para outra altura, não seja tão transversal”, analisa.

De resto, o acumular de experiência, considera, é muito importante para a estreia olímpica, e fala por experiência própria, vivendo essa rara final em Mundiais para Portugal em 1991 para depois participar em Barcelona1992.

“No Mundial de 1991, já tinha feito mínimos para 1992 antes disso. Foi uma evolução natural. É sempre muito importante nadar a este nível, a pressão é completamente diferente. (...) É muito importante para os nadadores ganharem experiência nestes palcos”, avisa.

Porque para o sucesso não conta “só o treino e o talento”, mas mais que isso, Ribeiro e Costa “fizeram o resultado quando tinham de o fazer” e, agora, além da experiência acumulada deram “um excelente indicador”.

“Ainda têm mais um ano e dá-lhes outra calma. Têm os mínimos, e dá outra serenidade a atletas e treinadores”, acrescenta.