O boicote às grandes competições por motivos políticos prejudica somente os atletas que as disputam, afirmou hoje o presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), o belga Jacques Rogge.
Em entrevista à agência de notícias francesa France Press, Rogge analisa a ameaça de boicote político ao Euro2012 de futebol, que se disputa entre 08 de Junho e 01 de Julho na Ucrânia e Polónia, lançada por vários líderes políticos de países europeus devido à situação em que se encontra a opositora ucraniana Iulia Timochenko.
Timochenko, antiga primeira-ministra, está detida desde Agosto de 2011, tendo sido condenada em Outubro a sete anos de prisão. Timochenko entrou em greve de fome a 20 de Abril como forma de protesto contra as violências que afirma estar a ser submetida na prisão.
«Os boicotes vão voltar-se contra quem os fizer. Vão sacrificar uma geração de novos atletas», acrescentou Rogge, de 70 anos, evocando o boicote ocidental aos Jogos de Moscovo em 1980 em reação à invasão do Afeganistão pela URSS, e o boicote aos Jogos de Los Angeles em 1984 pelo bloco de Leste, à exceção da Roménia.
Rogge lembrou que, apesar dos boicotes, os Jogos continuaram e os países ausentes «foram rapidamente esquecidos».
Pelo contrário, uma candidatura olímpica pode ter efeitos positivos na evolução sociopolítica de um país, insistiu, citando o Qatar, candidato à organização dos Jogos de 2020, que anunciou a sua intenção em enviar pela primeira vez, atletas femininas aos Jogos de Londres2012.
De acordo com Rogge, o Qatar «foi fortemente incitado a deixar as mulheres participar, porque de outra forma não seriam escolhidos para organizar os Jogos».
«Podíamos ter essa ideia pela televisão, mas o estádio de Pequim não é muito maior do que o de Londres ou o de Atenas2004. Não vejo diferenças fundamentais entre Londres, Pequim ou Atenas», explicou.