O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) afirmou hoje que o aumento das verbas para a preparação olímpica não impede o organismo de se manifestar “sempre que estiver em causa a defesa do desporto” e da própria instituição.
“A dignidade das funções que exerce e daqueles que representa - dirigentes, treinadores e atletas -, não tem preço e nunca será o apoio financeiro ao COP, no programa de preparação olímpica ou outros programas, que garantirá o seu silêncio sempre que estiver em causa a defesa do desporto e da instituição”, refere um comunicado assinado por José Manuel Constantino.
Na nota, o líder do COP escreve que “o desporto não tem de pedir licença para ser respeitado” e acrescenta: “Oferecer silêncios públicos em troca de atenções não é a forma que entendemos adequada para defender um bem público e um direito constitucional”.
A resposta do COP surge depois de o Governo que ter considerado desajustadas e infundadas as críticas de José Manuel Constantino ao primeiro-ministro e à ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, sobre o desinteresse em relação ao olimpismo nacional, feitas numa entrevista à agência Lusa.
Em comunicado divulgado na quarta-feira, o gabinete da ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares considerou as críticas “profundamente desajustadas e infundadas” e aludiu ao crescimento dos apoios públicos ao desporto.
Hoje, o presidente do COP lembra que “teve oportunidade, desde logo no ato de assinatura do contrato-programa de preparação olímpica Paris2024, de reconhecer e louvar o esforço feito pelo Governo no reforço das verbas de apoio a atletas, treinadores e federações, reconhecimento que reiterou em diferentes atos públicos”.
Na entrevista à Lusa, divulgada na quarta-feira, o presidente do COP denunciou o desinteresse do primeiro-ministro relativamente ao olimpismo português, revelando que durante nove anos nunca reuniu com António Costa, e estendeu as críticas à ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares.
“Nunca esteve presente numa iniciativa nossa, mas está presente nas iniciativas do Comité Paralímpico. É uma opção política. Claro, é um sinal que está a ser dado, que há uns que são mais importantes do que outros”, afirmou o presidente do COP, lamentando o facto de nos quase 10 anos de exercício de funções nunca ter recebido “nenhum elogio ou nenhuma palavra de apreço da parte do primeiro-ministro, relativamente às conquistas que os atletas portugueses têm em eventos olímpicos”.
O executivo criticou ainda o “tom que o presidente do COP dedica aos importantes passos dados ao nível da promoção da igualdade, da inclusão e da paridade de género no desporto, tratando estas questões como se de algo secundário se tratasse, como procurando fazer deste desafio das sociedades uma questão meramente ideológica”.
Na entrevista à Lusa, o presidente do COP referiu que, até a data, a ministra Ana Catarina Mendes “não acrescentou qualquer fator de novidade àquilo que são as políticas públicas desportivas”, afirmando: “Está muito ligada às questões da igualdade, às questões da inclusão, às questões da paridade de sexos, que fazem um bocadinho parte da agenda neoliberal de muitos partidos políticos europeus, mas isso são questões transversais às políticas sociais”.
No comunicado, o Governo lembrou que as verbas disponibilizadas para os Jogos Olímpicos Paris2024 tiveram um aumento de 18,4% face ao ciclo Tóquio2020, de 18,55 ME para 22 ME, destacou o crescimento das verbas de apoio à preparação paralímpica e também a comparticipação das delegações do COP em competições internacionais, como os Jogos Europeus e Jogos do Mediterrâneo.
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