A judoca Patrícia Sampaio, promessa da modalidade em Portugal e no mundo, admite que a pandemia da Covid-19 ‘trocou as voltas’ a todos, em ano de Jogos Olímpicos, e é, em quarentena, no campo que tenta manter-se ativa.

“O meu clube de judo teve de fechar as portas e, por isso, tivemos a facilidade de trazer os materiais para minha casa, que é muito espaçosa e no campo, isolada da ‘multidão’”, disse à agência Lusa a judoca da Sociedade Filarmónica Gualdim Pais.

Entre 2018 e este ano, a judoca de 20 anos ‘saltou’ para o circuito internacional, depois de ser número um do mundo da sua categoria (-78 kg) em juniores e passar a ser presença habitual, já em 2019, nas seleções de seniores.

Uma mudança fruto dos resultados, que a conduziram a número um nacional da sua categoria também em seniores, à frente da olímpica Yahima Ramirez (Londres2012), e a chegar a um lugar de qualificação para Tóquio2020.

Apesar da incerteza em relação a Tóquio2020, a preparação não parou, mas a suspensão das provas, imposta pela Federação Internacional até 30 de abril, e os cuidados devido ao contágio da Covid-19, levaram Patrícia a alterar os seus planos.

As rotinas em Lisboa, nos treinos de seleção ou no Judo Clube de Lisboa, ou a presença nas aulas da universidade – onde estuda jornalismo – ficaram para trás, com o regresso à região de Tomar e a um isolamento necessário.

“Há cinco dias que estabeleci entrar em quarentena voluntária, para me proteger a mim e aos meus. Vim para a minha casa, em Tomar, para perto da minha família”, revelou a judoca, que se considera uma privilegiada por ter meios para fazer da sua casa um ‘centro de treino’.

É aí que conta com o apoio do irmão e treinador, o antigo judoca Igor Sampaio.

“À minha quarentena, juntou-se o meu irmão/treinador e o nosso parceiro de treinos. Desta forma, tenho conseguido manter o meu treino físico, com vista à preparação das próximas competições, sejam elas quando forem”, explicou.

Em tempos de isolamento, a dificuldade “é inventar coisas para fazer durante o dia”, numa rotina em que o treino continua a ser diário.

“A ela vai juntar-se o estudo, uma vez que os meus professores já estabeleceram as medidas a adotar para as aulas virtuais”, adiantou a judoca, que, à semelhança do que acontece no resto do país, tenta seguir as recomendações de um ‘ensino online’.

No desporto, o maior desafio é minimizar o enorme impacto que a crise sanitária veio trazer à “preparação e planeamento da época”, em que a atleta procura, aos 20 anos, a sua primeira presença nuns Jogos Olímpicos.

“Continuamos a trabalhar e estamos a tentar dar a volta à situação da melhor forma possível. Acho que poderia ser muito pior, porque na verdade não estou doente e tenho condições para treinar, algo que muita gente não tem a sorte de ter neste momento”, acrescentou a judoca, concluindo que todos “continuemos positivos”.

A quatro meses dos Jogos de Tóquio, cuja realização se mantém numa incerteza, mas ainda está programada para acontecer entre 24 de julho e 09 de agosto, Patrícia Sampaio é um dos oito judocas portugueses que ocupa uma posição elegível.

Alem dela, no ‘ranking’ olímpico estão também Catarina Costa (-48 kg), Joana Ramos (-52 kg), Telma Monteiro (-57 kg), Bárbara Timo (-70 kg), Rochele Nunes (+78 kg), Anri Egutidze (-81 kg) e Jorge Fonseca (-100 kg).