
Maria Dias recebeu o wildcard (convite) para a 10.ª edição do Caparica Surf Fest, última etapa do Qualifying Series (QS), circuito regional europeu de 2024/2025 da Liga Mundial de Surf (WSL), cujo período de espera decorre de 15 a 19 de abril, na praia do Paraíso.
O evento continental garante sete vagas masculinas e quatro femininas para o Challenger Series 2025 - arranque marcado para junho (Austrália) - circuito de qualificação para o Championship Tour 2026.
A surfista da Costa da Caparica junta-se aos 23 portugueses (14 homens e 9 mulheres) na Costa de Caparica, lista onde pontifica Francisca Veselko (2.ª do ranking), Afonso Antunes (3.º), Guilherme Ribeiro (19.º), Frederico Morais e Teresa Bonvalot (5.ª), entre outros.
“Já sou wildcard há dois anos deste QS. É o meu terceiro ano e é tentar ser melhor do que no ano passado (25.ª)”, antecipou Maria Dias, que, em 2022-2023, foi afastada por Yolanda Hopkins, ano em que surfista olímpica se sagrou campeã europeia e Mafalda Lopes venceria a primeira final de um QS, e logo em casa, na Caparica. Reencontrou Hopkins numa bateria na edição de março de 2024 e o destino viria a ser o mesmo.

Paralelamente, “tenho feito pro júnior europeu (women’s junior tour)”, notificou. “No ano passado, consegui um sétimo lugar e quero tentar melhorar este ano”, prometeu.
Recorda ter “dois anos no pro júnior” pela frente, mas irá “começar a apostar um pouco mais no QS, para quando passar para Open já estar melhor preparada”, assumiu Maria Dias, na conversa com o SAPO Desporto.
Confrontada com o facto de apostar no circuito regional europeu da WSL somente aos 18 anos, quando a líder do ranking (Tya Zebrowski) tem 14, e as portuguesas Teresa Bonvalot, Yolanda Hopkins ou Francisca Veselko começaram um par de anos mais cedo, retorquiu: “Chego na idade certa”, disparou.
“O nosso corpo tem um momento em que atinge o pico e eu ainda não atingi esse pico”, reconheceu. “E atingi-lo demasiado cedo, não é bom”, considerou.
Judo e Surf. “São dois tipos de treinos diferentes, mas conciliam-se”
Uma das razões do despertar mais tardio poderá ser a partilha de desportos que tem feito. Maria Dias é surfista e judoca.
“Sempre fiz surf com o meu pai e comecei a praticar judo em 2016, competição. Em 2018, comecei a treinar a sério o surf e, a partir daí, comecei a levar a sério as duas modalidades”, confessou.
“Sou esperança olímpica no surf e campeã nacional juniores no judo" revelou.
Na arte do ippon, “faço parte da seleção nacional embora não esteja na equipa olímpica”, avançou. Nas manobras de ondas, é campeã nacional sub-18 e esteve no mundial ISA Júnior, em El Salvador.

Os treinos de judo decorrem na Charneca, no Clube Recreativo Charnequense, e “por vezes”, no Sport Algés e Dafundo. Coloca a prancha nos pés ao serviço da Associação de Surf Costa de Caparica (ASCC). Divide o tempo da seguinte forma: “surf durante o dia, é à noite, judo”, esquematizou.
“São dois tipos de treinos diferentes, mas conciliam-se. No judo, há muita força. Muita explosão, que é algo bom para o surf”, informou. Em contraponto, no surf “há muito equilíbrio, temos de pensar muito, não é um desporto só de pulmão”, sublinhou.
A complementaridade entre os dois desportos surge igualmente “em termos mentais”, adiantou. “O judo ajuda muito para o surf e vice versa”, finalizou a filha de dois desportistas, Patrícia Alves, recordista nacional de natação (Benfica) e Nuno Dias (Sporting), nadador que “deixou cedo a competição”, informou a orgulhosa filha.
Maior de idade, na hora de votar o desporto de eleição, Maria Dias não hesita. “O surf, claro”, rematou a sorrir.
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