O triatleta português João Pereira considerou hoje que adiar Tóquio2020 foi uma decisão sensata, evitando que estes fossem os Jogos Olímpicos “mais injustos de sempre”.
“Acho que a decisão de adiar os Jogos é a mais sensata e mais segura. Nós, atletas, estávamos a ser uma parte insignificante no processo e este adiamento dá valor à nossa condição física e à nossa saúde. Em Portugal, ainda tínhamos condições para treinar, mas em Espanha ou Itália estão parados. Acho que iam ser os Jogos mais injustos de sempre”, afirmou João Pereira.
Em declarações à agência Lusa, o triatleta do Benfica considerou que o adiamento para 2021 dos Jogos Olímpicos, devido à pandemia de covid-19, foi, “sem dúvida, a decisão mais acertada”.
“Vai sempre haver atletas prejudicados e outros beneficiados, e muitos constrangimentos por causa do que estava previsto, como orçamentos, planos, viagens, mas temos de dar prioridade à nossa saúde. A situação escalou em termos mundiais e estamos praticamente sem conseguir treinar”, desabafou.
O quinto classificado no Rio2016 reconheceu a importância de “uma decisão”, realçando que o prazo inicialmente apontado de quatro semanas “era muito longo” e não “dava segurança” aos atletas, que tentavam pensar “no treino, em estar em forma naquelas datas, e, ao mesmo tempo, em evitar riscos”.
“Eu vim para a zona das Caldas da Rainha porque os meus pais são daqui e tenho mais espaço para treinar do que em Lisboa, também temos menos contactos. A minha preparação já estava a correr muito bem, mas este adiamento até me ajuda, porque assim posso continuar a recuperar”, explicou.
O campeão da Europa em 2017, nas distâncias ‘sprint’ e olímpica, está entre os lugares de qualificação olímpica do ‘ranking’, ao contrário da estafeta mista nacional, na qual ambiciona participar com João Silva, Melanie Santos e Gabriela Ribeiro.
“Este adiamento dá-nos um pouco mais de tempo, mas não sabemos se vai haver outro processo de qualificação. É que o apuramento da estafeta pelo ‘ranking’ está mesmo complicado, pelo que vamos sempre precisar da última prova, que esteve marcada para a China e para Espanha e ainda não tem datas”, concluiu.
Os Jogos Olímpicos Tóquio2020 foram adiados para 2021, devido à pandemia de covid-19, anunciaram hoje o Comité Olímpico Internacional (COI) e o Comité Organizador dos Jogos, em comunicado.
“Nas presentes circunstâncias e baseado nas informações dadas hoje pela Organização Mundial de Saúde, o presidente do COI [Thomas Bach] e o primeiro-ministro do Japão [Shinzo Abe] concluíram que os Jogos da XXXII Olimpíada em Tóquio devem ser remarcados para uma data posterior a 2020 e nunca depois do verão de 2021”, lê-se no comunicado.
Esta decisão foi, de acordo com o mesmo documento, tomada “para salvaguardar a saúde dos atletas, de toda a gente envolvida nos Jogos Olímpicos e de comunidade internacional”.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 386 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram cerca de 17.000.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 6.077 mortos em 63.927 casos. Segundo as autoridades italianas, 7.024 dos infetados já estão curados.
Em Portugal, há 30 mortos e 2.362 infetados confirmados. Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de 02 de abril.
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