A comissão de desportistas do Comité Olímpico Russo afastou hoje as condições impostas pelo Comité Olímpico Internacional a russos e bielorrussos para regressar às competições internacionais, após a exclusão imposta em 2022, devida â invasão militar da Ucrânia.

"Estamos convencidos de que o acesso dos desportistas russos e bielorrussos deve aplicar-se apenas na base da igualdade com o resto dos participantes do movimento olímpico", refere a declaração oficial, tornada pública pelo COR.

Os desportistas russos não aceitam qualquer "condição adicional, ordem, restrição ou critério", o que inclui, nomeadamente, o estatuto de neutralidade avançado pelo Comité Olímpico Internacional (COI), por o considerarem discriminatório.

Os critérios do COI são "excessivos, infundados e discriminatórios", já que têm a ver com cidadania, a modalidade praticada e a estrutura a que pertence o desportista, assinala a comissão de desportistas.

Em causa está a decisão de impedir o acesso a desportistas vinculados às forças armadas e de segurança, como acontece com o CSKA Moscovo, cujos desportistas arrecadaram 45 das 71 medalhas da Rússia nos Jogos Olímpicos Tóquio2020.

Também é criticada a privação dos símbolos nacionais, como a bandeira e hino, e a não competição por equipas.

"No nosso ponto de vista, cria-se um precedente perigoso, no qual nenhum desportista no mundo pode ficar seguro de que no futuro se respeitarão os seus direitos civis", acrescenta a declaração dos desportistas russos, que se consideram "reféns de jogos políticos" e alvos de uma seleção "humilhante".

Em finais de março, o COI recomendou às federações internacionais e organizadores de competições que autorizem a participação "de forma individual e como neutrais" de desportistas "com passaporte russo e bielorrusso".

Para o presidente do COI, Thomas Bach, entre as condições para autorizar o regresso está "não terem apoiado ativamente a guerra" nem serem membros das forças armadas ou das organizações de segurança do país.

A Ucrânia argumenta que a Rússia deve ser excluída por romper por três vezes a 'trégua olímpica' (em 2008, 2014 e 2022) e pela presença nas seleções olímpicas de desportistas militares ou oriundos das forças de segurança.

Segundo Kiev, a invasão russa levou à morte de 262 desportistas e obrigou a que mais de 40.000 procurassem refúgio noutros países. A guerra terá também destruído cerca de 350 instalações desportivas.