Artur Lopes apontou o ciclismo de pista como um modelo de sucesso no trabalho direcionado aos Jogos Olímpicos, admitindo que o caso de Diogo Ribeiro será dos que proporcionará “mais entendimentos” sobre erros a corrigir.

“O Diogo é um caso de um atleta de excelência, de eleição, mas que, como outros atletas, tem alguns pequenos pormenores que têm de ser afinados. É um jovem – muito jovem -, pouca experiência, portanto todo esse acompanhamento vai ter de ser feito. [….] Enquanto presidente, quero que o acompanhamento a esse atleta seja feito de modo a que os pequenos erros que possam ter acontecido durante o seu trajeto em Paris sejam emendados. Se são erros dele mesmo, há que fazer-lhe ver porquê e como é que se conseguem alterar. Se são externos, há que os corrigir imediatamente”, declarou.

O presidente do Comité Olímpico de Portugal respondia a uma questão da agência Lusa sobre se o relatório da Missão lusa a Paris2024 tinha detetado como poderia ser evitado um caso semelhante ao de Diogo Ribeiro em Los Angeles2028.

Campeão mundial de 100 metros mariposa, o jovem nadador, então com 19 anos, despediu-se da estreia olímpica com ‘apenas’ uma meia-final, nos 50 livres, e disparando várias críticas, nomeadamente às condições da Aldeia Olímpica ou da piscina da La Défense Arena.

“O caso do Diogo Ribeiro, se calhar, vai ser um dos que nos vai dar mais entendimentos. No entanto, devo dizer que Portugal tem muita mania do 8 ou 80, passamos de uma depressão completa para uma euforia, não somos bipolares, mas quase, portanto há que ter cuidado com tudo isso. O atleta em si mesmo é um atleta de excelência, mas já sabíamos quando ele competiu e foi campeão […] que naquela altura não estariam os melhores a competir. Havia outros ao lado que não estavam a fazer e que estavam só focados nos Jogos Olímpicos”, realçou.

Embora referindo que “é evidente” que Ribeiro provavelmente estaria focado nos Jogos e quereria “ser um campeão”, o presidente do COP defendeu a necessidade de saber se a preparação do nadador foi a mais adequada, quando comparada com os rivais que estavam “focados naquele ponto”.

“E aquele ponto foi Paris e será agora Los Angeles. Os atletas, quando se focarem aí, pura e simplesmente e de uma maneira completa, então vão abdicar de qualquer outras realizações desportivas para estar focados só nesse ponto”, completou.

E o melhor exemplo desse ‘foco’ foram mesmos os primeiros campeões olímpicos lusos fora do atletismo, os ‘pistards’ Rui Oliveira e Iúri Leitão, que conquistaram o ouro no madison, com o segundo a tornar-se mesmo no primeiro português a somar duas medalhas na mesma edição dos Jogos, já que também se sagrou vice-campeão no omnium.

“Realmente, foi um trabalho muitíssimo precioso e muitíssimo dirigido aos Jogos Olímpicos e àquele momento. E quer o Iúri quer o próprio Rui estavam num momento de excelência e demonstraram-no”, elogiou.

Sem deixar de admitir que o ouro dos dois corredores foi particularmente especial para si – “se eu lhe dissesse não, é mentira” -, o antigo presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo e ‘ideólogo’ do ciclismo de pista em Portugal notou que o trabalho realizado por Leitão e Rui Oliveira, e também pelo seu irmão gémeo Ivo, “é um exemplo”.

No entanto, Artur Lopes rejeita a ideia de que esse modelo de sucesso possa ser replicado por outras federações para os Jogos Olímpicos Los Angeles2028.

“Quero que as federações tomem em si o seu próprio exemplo e criem o seu próprio exemplo. É evidente que podem pensar ‘como é que fizeram, o que é que fizeram?’ De facto, isso pode ser falado, é lógico. Agora, cada federação é um mundo e um universo específico e aí é outro dos pontos. Quando se fala em desporto, olha-se o desporto, mas o desporto é uma variedade de modalidades, cada uma com os seus problemas específicos e muito, muito próprios, que têm que ser analisados de modalidade a modalidade, disciplina a disciplina, de maneira a que chegarmos a uma excelência”, sustentou.