Filipa Martins, a primeira ginastica portuguesa a disputar a final do concurso completo (‘all around’) em Jogos Olímpicos, em Paris2024, atirou hoje para “mais tarde” a decisão sobre se vai fazer um novo ciclo até Los Angeles2028.

“Agora é aproveitar o momento com a família e amigos, e agradecer muito a todos os que nos ajudaram a chegar até aqui. Não só os terapeutas, médicos, treinadores, clube, mas todos os portugueses, porque sentimos o carinho deles lá. Tirar férias, recuperar o corpo totalmente, terminar o mestrado e então, mais lá para a frente, pensar no que fazer”, disse, no regresso ao Porto.

A portuense de 28 anos, estudante do mestrado em Treino Desportivo, na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, fez história com o 20.º lugar na final ‘all around’ de ginastica artística, na qual a norte-americana Simone Biles se sagrou campeã pela segunda vez.

“A final foi mesmo para desfrutar ao máximo e aproveitar cada momento lá. Foi um privilégio poder voltar a entrar no pavilhão, agora cheio de gente, com um ambiente único e espetacular”, recordou, com o olhar ainda a brilhar.

A ginasta do Acro Clube da Maia terminou a competição com 51.232 pontos, graças a 12.700 na trave, 12.466 no solo, 12.500 no salto e 13.566 nas paralelas assimétricas.

Filipa Martins revelou que a sua preparação foi feita “da melhor forma possível para que não houvesse muitas dúvidas lá, mesmo que não corresse bem”, algo que não aconteceu.

Manifestou-se sensibilizada pela claque de cerca de 100 pessoas que a esperavam no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, entre familiares, elementos do seu clube e outras ginastas, além dos cidadãos anónimos que a reconheceram.

“É muito bom ter toda esta gente a aqui receber-nos com tanto orgulho no trabalho que fizemos diariamente durante tantos anos. Chegamos com sentimento de dever cumprido, objetivos realizados”, congratulou-se.

Filipa Martins recordou as “semanas duras” até ao maior êxito da história da ginástica artística portuguesa, no entanto “no final tudo compensou” com o seu desempenho.

“Lá, não tivemos grande noção da grandiosidade do que fizemos e do impacto que estávamos a ter em Portugal, mas as pessoas iam falando comigo e dizendo que eu estava por todo o lado. E o telemóvel não parava. Foi Muito bom. Bem como a recompensa por todo o reconhecimento e carinho das pessoas”, concluiu.

Em Tóquio2020, Filipa Martins foi 43.ª no ‘all around’, 69.ª na trave, 46.ª no solo e 17.ª nas paralelas assimétricas, enquanto na sua estreia olímpica, no Rio2016, foi 37.ª no 'all around', 32.ª na trave, 43.ª no solo e 54.ª nas paralelas assimétricas

Filipa Martins foi ainda a primeira e única portuguesa a chegar a finais por aparelhos em Mundiais, nas paralelas assimétricas (oitava), em Kitakyushu, em 2021, quando também disputou pela primeira vez a final do ‘all-around’ (sétima), um feito que repetiu, em 2023, em Antuérpia (21.ª).