Jorge Vieira subscreveu hoje a posição da Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP), que na segunda-feira garantiu estar em conformidade com as normas internacionais, e garantiu que a Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) é “intolerante” com a dopagem.

“A ADoP está a tratar desse assunto com a Unidade de Integridade do Atletismo (AIU), assim como com a Agência Mundial Antidopagem (AMA), com quem não temos relacionamento. A FPA, obviamente, colabora com a ADoP no fornecimento das listas de atletas, o que não está ainda finalizado para os Jogos Olímpicos, porque obviamente tudo isto – a ‘long list’ para atletas selecionados - vai evoluindo ao longo do ano. Portanto, eu, obviamente, subscrevo o que a ADoP diz relativamente a este assunto e ao diálogo que está a ter com essas entidades internacionais”, declarou à agência Lusa.

A ADoP assegurou na segunda-feira estar em conformidade com as normas internacionais e revelou já ter respondido à World Athletics, que quer que os atletas portugueses enfrentem controlos antidoping mais estritos fora de competição para serem elegíveis para os Jogos Olímpicos Paris2024, após recomendação da AIU.

“Porventura, seremos dos países do mundo mais atentos ao processo da antidopagem. Somos intolerantes relativamente a qualquer manipulação do desempenho desportivo, somos intolerantes relativamente à dopagem, temos tido todos os procedimentos relativos à dopagem, em competição, fora de competição. Não há recorde nacional que não seja imediatamente complementado com o respetivo exame antidoping, o que já nem é obrigatório, mas nós fazemo-lo”, destacou Jorge Vieira.

Insistindo que a FPA não tem “qualquer complacência” quanto à dopagem, o responsável federativo esclareceu que a entidade à qual preside não é “diretamente” visada pelo World Athletics.

“Não posso dizer que [a federação] não tem nada a ver com isso, porque somos a entidade reguladora do atletismo a nível nacional, como é obvio. Mas não somos visados diretamente neste tipo de procedimento, porque não somos nós que marcamos os testes antidopagem… mas isso já está claro no esclarecimento da ADoP”, completou.

Jorge Vieira salientou a “relação de grande integridade relativamente aos objetivos da antidopagem” que a entidade federativa mantém com a autoridade nacional antidopagem.

“Não há da nossa parte qualquer tipo de comportamento em zig zag relativamente ao doping, que é prevenir. Temos tido imensas ações de prevenção perante os nossos atletas, sobretudo os mais jovens. Atuamos, obviamente, na ação disciplinar em qualquer situação em que haja o mínimo vestígio – comprovado, obviamente – de dopagem. Que não haja qualquer tipo de dúvida relativamente a isso”, vincou.

O presidente da FPA lamentou ainda que “estas notícias saiam desta maneira, porque é fácil tingir, é fácil pôr uma nódoa nos processos e, por vezes, é muito difícil recuperar daquilo que acontece”.

“Normalmente, os organismos são muito rápidos a darem a notícia que existem e que estão cá para criar disciplina e para penalizar, mas depois são um bocadinho mais lentos a reparar o que se diz. Eu espero que perante os esclarecimentos também seria bom que realçassem o esclarecimento”, concluiu à Lusa.

Na segunda-feira, a AIU comunicou que quatro federações – portuguesa, brasileira, equatoriana e peruana - receberam “avisos claros” sobre a “insuficiência dos seus programas nacionais de testes [antidoping] depois dos Mundiais de Atletismo Oregon2022”.

“Os quatro falharam ao assegurar a existência de testes fora de competição para as suas seleções nos Campeonatos do Mundo seguintes, em Budapeste2023. Consequentemente, o conselho [da World Athletics] aceitou o apelo da AIU para que as quatro federações imponham condições de elegibilidade aos seus atletas para que possam participar em Paris2024”, explicou a autoridade em comunicado.

Como condições, a autoridade antidopagem indicou que, “nos 10 meses anteriores a 04 de julho de 2024, cada atleta tenha de ser submetido a pelo menos três controlos (de urina e sangue) fora de competição, incluindo um controlo para o passaporte biológico e outro de deteção de EPO em qualquer prova a partir dos 800 metros”.

“Os três controlos surpresa têm de ser realizados com pelo menos três semanas de intervalo. O primeiro dos três controlos fora de competição tem de ter sido efetuado nunca antes de 19 de maio de 2024”, enumerou a AIU.

A autoridade esclarece que estes “testes obrigatórios afetarão atletas que não estejam registados no controlo da AIU”.