A portuguesa Maria Martins terminou num fantástico 7.º posto a prova de Ominum de ciclismo de pista nos Jogos Olímpicos de Tóquio, realizado no Velódromo de Izu. Tata Martins, como é conhecida, entrou na derradeira prova - a corrida - ainda a lutar pelas medalhas mas terminou no 7.º posto, dando mais um diploma para Portugal, o 11.º destes jogos, além de quatro medalhas.
A estreia lusa no ciclismo de pista teve na jovem de 22 anos a representante, com um sexto lugar na corrida de scratch (30 voltas à pista), o oitavo no 'Tempo Race' (30 voltas à pista, com 26 sprints intermédios que concediam pontos) e o quinto posto na eliminação, chegando depois ao total de 95 pontos na corrida final, de pontos.
Na corrida por pontos (80 voltas à pista com 8 sprints intermédios), onde Tata Martins entrou na sexta posição da geral, a ciclista nacional andou sempre no grupo da frente, conquistou alguns pontos nos sprints, lutou até ao final e acabou por ser ultrapassada mesmo na reta da meta pela multi-galardoada Laura Kenny.
Tata Martins, como é conhecida, somou 95 pontos e ficou a apenas um ponto da muito galardoada Laura Kenny, ciclista da Grã-Bretanha, que minutos antes viu o marido Jason Kenny vencer o ouro na prova de Keirin para se tornar no britânico mais laurado de sempre.
A ribatejana de 22 anos ficou a 13 pontos do pódio e a apenas dois do top-5.
A nova campeã olímpica do omnium é a norte-americana Jennifer Valente, que acabou a prova com 124 pontos, batendo a japonesa Yumi Kajihara, prata, e a holandesa Kirsten Wild, bronze, após a última prova da modalidade, no Velódromo de Izu. A quarta colocada foi Amalie Dideriksen, logo seguida por Anita Stenberg.
Portugal sai dos Jogos Olímpicos Tóquio2020, que hoje terminam com a Cerimónia de Encerramento, com quatro medalhas, o ouro de Pedro Pichardo no triplo salto, disciplina que deu a prata a Patrícia Mamona, e os bronzes do judoca Jorge Fonseca e do canoísta Fernando Pimenta, além de 11 outros resultados entre o quarto e o oitavo lugar, que garantem o diploma olímpico.
Tata Martins para a história
Tata Martins já tinha feito história ao tornar-se na primeira mulher lusa a participar no ciclismo de pista nas olímpiadas, tem no seu currículo uma série de primeiros pódios de sempre de Portugal em competições e um conjunto de resultados recentes favoráveis no omnium, série de quatro provas de pista.
Já este ano, venceu a prova de omnium da Taça das Nações de pista de São Petersburgo, na Rússia, em que conquistou também a corrida de eliminação, uma das duas vertentes em que parece mais confortável, depois de ter sido bronze nos Europeus de Elite de 2020 e segunda nos Europeus sub-23.
A outra é o scratch, onde, no ano transato, fez história ao conquistar uma medalha no campeonato do mundo, o bronze, já depois de em 2019 ter sido também terceira no campeonato da Europa.
Agora, aos 22 anos, termina num fantástico 7.º posto na sua estreia em Jogos Olímpicos, diante de atletas mais experientes e consagradas no ciclismo de pista.
Agarrada à biciclieta desde pequena
Já em Tóquio, Maria Martins confessou à Lusa que não esperava chegar tão cedo aos Jogos Olímpicos.
"Estar nos Jogos é sempre um orgulho. Olhando para trás e ver o processo que tive até aqui, o quão difícil eu sei que foi qualificar-me para Tóquio, é especial. Era um sonho que eu queria realizar, mas nunca pensava que fosse alcançar tão cedo", conta à Lusa a ciclista, também campeã nacional de fundo na estrada.
A aventura na bicicleta começou "desde pequenina", quando ia passear com o tio, “muito em ambiente de passeio”, e esses trilhos levaram a jovem de Santarém a filiar-se no BTT, com “oito ou nove anos”.
“Só passados uns cinco ou seis anos é que comecei a experimentar a pista e a estrada. Depois, a partir daí, tive de optar, porque fazer as três vertentes era complicado, a nível de calendário e físico. Optei pela estrada e pela pista”, contou.
No velódromo, a paixão vem “muito por causa da adrenalina”, pelo “espetáculo que aquilo tem num espaço pequeno”.
“São 250 metros e a ação que acontece ali. É a velocidade, adrenalina, todos esses pontos que viciam um bocado as pessoas na pista. Depois, o ambiente que também se vive nas competições”, diferente da estrada e do BTT, comentou.
Maria Martins conseguiu fazer algo que ainda há poucos anos parecia impensável, para a própria e para o país, que foi levar a bandeira ao ciclismo de pista dos Jogos Olímpicos, e a experiência até aqui “tem sido muito boa” por Izu.
“Gosto muito aqui da zona e tenho aproveitado para descobrir esta zona do Japão. Obviamente é diferente de estar na Aldeia Olímpica, mas o pessoal todo da pista está aqui, acabamos por ter alguma gente. A nível do país, as pessoas têm sido muito acolhedoras e simpáticas. Os treinos têm corrido bem, a pista é fantástica, muito rápida, enorme, e tem tudo para serem uns Jogos Olímpicos muito bonitos”, resume.
Depois de “um bom tempo de adaptação”, à temperatura, ao fuso horário, e à pista - “os treinos vão bem” -, sente-se “feliz” por estar em Tóqui2020, e a “desfrutar um bocado da experiência”, contou, na altutra.
Para a corrida, a ideia era “ir prova a prova”. E foi o que fez, sempre nos grupos da frente.
“A vantagem do omnium é que há quatro oportunidades para fazermos as coisas bem, e é o que quero. Terminar a corrida com sentimento de satisfação e orgulho e poder representar a minha bandeira no meu melhor nível”, frisou, sem definir um objetivo fixo de lugares dada a “concorrência muito elevada e muitas atletas no mesmo nível”, contou à Lusa antes da prova.
A verdade é que Tata Martins saiu-se muito bem em todas elas e terminou num fantástico 7.º posto, numa prova onde mediu forças com atletas mais experientes, de países com nome na modalidade.
*Artigo atualizado
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