Angélica André vingou hoje Tóquio2020 ao ser 12.ª nas águas abertas dos Jogos Olímpicos Paris2024, depois de fazer uma prova em crescendo, garantindo ter estado “o mais tranquila possível” com a questão da poluição do Sena.
“Foi uma prova em crescendo, mas, sobretudo na parte final, foi tentar fazer o melhor resultado. Eu queria vingar-me de Tóquio e eu sabia que, no final, estavam ali boas nadadoras, que até possivelmente são nadadoras que têm grande possibilidade de ser medalha e até já foram e tudo, por isso sabia que estava ali numa boa posição e [queria] chegar ao fim e dar tudo por tudo para alcançar este lugar”, resumiu.
Angélica André cumpriu os 10 quilómetros de águas abertas de Paris2024 em 2:06.17,0 horas, gastando mais 2.42,8 minutos do que a vencedora, a neerlandesa Sharon van Rouwendaal, medalha de ouro em 2:03.34,2 horas, e melhorou o 17.º lugar alcançado nos anteriores Jogos.
“O primeiro objetivo, sim, era fazer melhor do que 17.º”, revelou na zona mista da Ponte Alexandre III, onde começou e acabou a prova.
Com a corrente a encostar as nadadoras às margens do Sena, a portuguesa era 14.ª, a 43,9 segundos da australiana Moesha Johnson, que ficou com a prata, no fim da primeira volta, mas haveria de atrasar-se para concluir a segunda volta na 18.ª posição, a 28,2 de Van Rouwendaal, que então liderava.
André foi sempre em perda e, no final da terceira volta, já era 21.ª, a 42,1 segundos, contudo, fazendo jus à sua boa ponta final, recuperou cinco posições na seguinte, entrando na quinta volta já no 14.º lugar.
Nos derradeiros 1.700 metros, a nadadora do FC Porto ainda subiu outros dois postos, para firmar o melhor resultado de sempre de Portugal nas águas abertas em Jogos Olímpicos.
“Nos dias anteriores, [a corrente] até esteve mais forte, acho que eles ainda fecharam mais a barragem. O tempo em si não é muito importante na nossa modalidade, mas normalmente fazemos a prova em duas horas e foi duas horas e cinco, duas horas e seis – o tempo com que concluí. Por isso, não está muito longe até, mas foram mais seis minutos a nadar. A corrente estava bastante forte e é tentar gerir o esforço do principio ao fim”, explicou.
Angélica André disse ter conseguido abstrair-se da polémica em torno do Sena, garantindo ter tentado estar “o mais tranquila possível” para chegar bem à prova, depois de preparar-se física e psicologicamente.
“Todos esses pormenores estavam prontos, por isso estava de consciência tranquila com essa questão”, pontuou.
Nem a notícia de que os compatriotas Vasco Vilaça e Melanie Santos tinham desenvolvido nos últimos dias sintomas de infeção gastrointestinal, depois de terem disputado as provas de triatlo de Paris2024, mexeu com a matosinhense de 29 anos.
“Claro que é sempre chato e o Comité Olímpico [de Portugal] está em cima de nós, nadadores e triatletas, principalmente, porque nadamos aqui no Sena. Tomámos as precauções para a prova, espero não apanhar nada. Engoli muita água. É esperar para ver e o COP também está em cima de nós, pronto para agir se acontecer”, destacou, revelando que tomou “probióticos para ajudar”.
A duas vezes olímpica esclareceu também que o Comité Organizador não dialogou com os nadadores, limitando-se a informá-los: “Eles iam pondo todos os dias as análises e, consoante essas análises e o que eles diziam, nós vínhamos, como aconteceu ontem [quarta-feira], fazer o reconhecimento para a prova e, hoje, a prova em si”.
Agora, André vai ter “umas boas férias” para recuperar de “um ciclo curto de três anos” – Tóquio2020 realizou-se em 2021 devido à pandemia de covid-19 -, em que houve uma mudança na sua carreira.
“Conquistei algo que nunca tinha conquistado na natação, principalmente nas águas abertas. Vou repousar, mas quando recomeçar terei a mesma atitude e esta vontade de querer mais”, prometeu a medalhada de bronze dos últimos Mundiais.
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