Dois desempates por grandes penalidades ditaram hoje destinos diferentes para Espanha, campeã mundial rumo às meias-finais, e Canadá, que perdeu a hipótese de revalidar o título olímpico, no torneio feminino de futebol de Paris2024.

Nos quartos de final, as espanholas ultrapassaram a Colômbia (4-2 nos penáltis), depois de terem anulado uma desvantagem de dois golos aos 90+7 minutos, e vão agora reencontrar o Brasil, que, sem a castigada Marta, derrotou, por 1-0, a anfitriã França.

Já a Alemanha, com a guarda-redes Ann-Katrin Berger em grande plano, colocou fim à polémica participação das canadianas, também com um 4-2 no desempate por grandes penalidades após nulo, e marcou novo encontro, nas ‘meias’, com os Estados Unidos, que hoje venceram o Japão por 1-0, com golo no prolongamento.

No confronto entre os dois últimos campeões olímpicos, a Alemanha, ouro em 2016, contou com a ‘lotaria’ dos penáltis para eliminar o Canadá, vencedor em Tóquio2020 e castigado na fase de grupos desta edição por um caso de espionagem a um treino da Nova Zelândia.

Após 120 minutos passados a ‘zero’ no Vélodrome de Marselha, no desempate por grandes penalidades as canadianas Ashley Lawrence e Adriana Leon permitiram duas defesas à guardiã germânica Ann-Katrin Berger, que se encarregou ela mesmo de converter a quinta tentativa da sua equipa – Sydney Lohmann já tinha falhado – e selar a despedida das campeãs em título.

O Canadá deixa Paris2024 após ter sido punido com a dedução de seis pontos na classificação do Grupo A do torneio, por utilizar drones para espiar adversárias – tendo terminado em segundo lugar com três vitórias em três jogos, mas apenas três pontos –, num escândalo que também levou à suspensão por um ano da selecionadora campeã olímpica Bev Priestman.

No Parque dos Príncipes, em Paris, os Estados Unidos, tetracampeões olímpicos (1996, 2004, 2008 e 2012) e que procuram um título que lhes ‘foge’ há 12 anos, precisaram de tempo extra para bater o Japão, prata em 2012, antes de voltarem a jogar com as germânicas, que já derrotaram na fase de grupos por 4-1.

As norte-americanas dominaram o encontro, perante uma equipa nipónica mais preocupada em aguentar o nulo, e tiveram como heroína a avançada Trinity Rodman, que assinou o seu terceiro golo na prova nos descontos da primeira parte do prolongamento, aos 105+2 minutos.

Em Lyon, a campeã mundial Espanha, que cumpre a sua estreia olímpica, suou para levar de vencida a Colômbia, que também debutava em Jogos e esteve a ganhar por 2-0, com golos de Mayra Ramirez, aos 12 minutos, e Leicy Santos, aos 52.

O golo da suplente espanhola Jennifer Hermoso, aos 79 minutos, abriu caminho à recuperação, com Irene Paredes a assinar a igualdade no sétimo minuto de compensações, levando a partida para prolongamento, que não mudou o 2-2 no marcador.

Nas grandes penalidades, as sul-americanas Catalina Usme (defesa de Cata Coll) e Liana Salazar (atirou por cima) desperdiçaram os seus pontapés, permitindo a Aitana Bonmatí, melhor jogadora do mundo da atualidade, converter o quarto e decisivo remate dos 11 metros.

O Brasil, prata em 2004 e 2008, eliminou a equipa da casa sem a ajuda da veterana Marta, de 38 anos e seis vezes Bola de Ouro, expulsa no primeiro duelo do torneio contra a seleção espanhola, que esta venceu por 2-0 na terceira e última ronda da fase de grupos.

A guarda-redes brasileira Lorena foi a primeira a destacar-se na ‘canarinha’, travando a grande penalidade marcada por Sakina Karchaoui, aos 16 minutos, mas seria Gabi Portilho a silenciar o estádio de la Beaujoire, em Nantes, com o único tento do encontro, aos 82.

Os jogos das meias-finais, vão opor, na terça-feira, Estados Unidos a Alemanha (17:00 horas em Lisboa) e o Brasil à Espanha (20:00).