Nélson Oliveira, Maria Inês Barros, Vasco Vilaça e Ricardo Batista. São, para já, quatro os diplomas olímpicos conquistados por atletas portugueses em Paris 2024. Mas o que são, afinal, os diplomas olímpicos? O que é preciso para os ganhar, como surgiram, como foram evoluindo e que valor lhe dão os atletas?
Como surgiram e quem recebe Diploma Olímpico?
A atribuição de diplomas existe desde o início dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, em 1896, sendo os primeiros eram atribuídos apenas ao vencedor de cada prova. O número de participantes premiados foi aumentado ao longo do tempo, expandindo-se para todos os três medalhados desde 1923, para os seis primeiros classificados desde 1949 e para os atuais oito em 1981.
Nas modalidades coletivas, os elementos das oito primeiras equipas recebem também diplomas.
Como são?
O diploma é inscrito e assinado pelo presidente do Comité Olímpico Internacional e pelo chefe do comité organizador de cada Olimpíada. A concepção do diploma, tal como a concepção das medalhas olímpicas, é da responsabilidade dos organizadores locais de cada edição dos Jogos, tendo contudo os projetos de ser aprovados pelo COI.
De acordo com o New York Times, os certificados atribuídos aos atletas que terminam do quarto ao oitavo vêm num design mais simples do que os atribuídos aos três medalhados. Os diplomas dos ocupantes do pódio são descritos em tons de ouro, prata ou bronze, dependendo da cor da medalha conquistada.
Qual o maior número de Diplomas Olímpicos ganho por Portugal numa só edição dos Jogos?
Nos Jogos Olimpicos de Tóquio 2020 Portugal somou o seu recorde em diplomas: 15.
Nesses Jogos além dos medalhados Pedro Pichardo, Fernando Pimenta, Patrícia Mamona e Jorge Fonseca, conquistaram também diplomas Auriol Dongmo (lançamento do peso), Liliana Cá (lançamento do disco), João Vieira (50 km marcha), Emanuel Silva-João Ribeiro-Messias Baptista-David Varela (Canoagem, K4 500), Teresa Portela (Canoagem, K1 500), Maria Martins (Ciclismo, omnium), a equipa equestre de dressage (Maria Caetano-Rodrigo Torres-João Torrão), Catarina Costa (Judo, -48 kg), Gustavo Ribeiro (Skateboarding, street), Yolanda Hopkins (Surf, shortboard) e Jorge Lima-José Costa (Vela, 49er), num total de 15.
Quatro anos antes, no Rio 2016, Portugal havia ganho dez diplomas e quatro anos antes, em Londres 2012, tinham sido apenas seis, pior do que quatro anos antes, em 2008, em Pequim, quando o pecúlio tinha sido de nove, e do que em 2004, em Atenas, quando foi de 11 (segundo melhor registo de sempre).
O que significam e que importância têm?
A importância e o significado dado por atletas e delegações à conquista de Diplomas Olímpicos varia de país para país. Há vencedores de Diplomas Olímpicos - do 4.º ao 8.º lugar - de países em que o documento é simplesmente enviado pelo correio e outros em que é realizada uma cerimónia formal para a sua entrega, como Portugal, Argentina ou Espanha, por exemplo, como forma de honrar esses atletas.
O site oficial dos Jogos Olímpicos (olympics.com), dá nota de que "se no Brasil e em outros países essa prática ainda é pouco relevante, em outros, como Argentina, Espanha e Portugal, os diplomas são valorizados de forma muito próxima a uma medalha".
Outros atletas também fazem questão de exibir o seu Diploma Olímpico. "A equipa masculina de 4x400m metros rasos do atletismo da Bélgica comemorou a chegada do diploma de quarto lugar de Beijing 2008. O espanhol Diego Garcia Carrera também postou muito feliz uma foto do diploma dele referente ao sexto lugar em Tóquio 2020 - repetindo o feito de outro sexto colocado na marcha atlética, o britânico Tom Bosworth, sexto na Rio 2016", relata o olympics.com, que lembra igualmente que "a entrega do diploma pode ser feita diretamente ao atleta por correio, ou ao Comité Olímpico Nacional, o que proporciona a possibilidade de uma cerimónia especial".
Mas há países em que a relevância dada é pouca ou nenhuma. E casos de atletas que dizem mesmo não saber que esses diplomas existem.
Mercedes Nicoll, uma snowboarder canadiana que terminou em sexto lugar na competição feminina de halfpipe nos Jogos Olímpicos de Inverno de Vancouver em 2010 e recebeu esse certificado, afirmou, citada pelo 'The Times': "É muito bom. Quer dizer, não é a mesma coisa que uma medalha, claro. Conheço alguns atletas que ganham medalhas gostam de as mostrar a toda a gente, mas eu não faço isso. É um pedaço de papel. Acho que isso seria um bocado idiota."
No mesmo artigo, o 'The Times' acrescenta que Nicoll mostrou-se surpreendida – e emocionada – quando recebeu o seu diploma, mas era uma exceção entre os atletas ao conhecer a existência dos diplomas. A maioria dos atletas, de acordo com a publicação, disseram estar cientes dos vários outros certificados que o I.O.C. distribui – voluntários, funcionários do comité e qualquer atleta que faça parte da equipa olímpica de um país recebem um reconhecimento em relevo do seu papel nos Jogos – mas admitiram ignorar a existência do Diploma Olímpico.
O norte-americano Steven Holcomb, também nos Jogos de Vancouver de 2010, ganhou uma medalha de ouro e somou um sexto lugar noutra disciplina, afirmou lembrar-se naturalmente da subida ao pódio, mas não do sexto lugar: "Sinceramente, nem me lembro de ter recebido algo assim. Talvez me tenham enviado e a minha mãe esteja com ele? Ou talvez tivessem o endereço errado?
Algo comum, de acordo com o 'The Times', ao que disseram vários outros atletas, com alguns a afirmarem mesmo nunca ter recebido o diploma e outros a dizerem não fazer ideia de onde estava.
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